Sardinha tem certificado internacional suspenso

A certificação atribuída em 2010 à sardinha, a única espécie de peixe certificada em toda a Península Ibérica, está suspensa por problemas de stock, revelou a Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOPCERCO), nesta quarta-feira.

Em comunicado divulgado no seu site, a ANOPCERCO esclarece que a entidade certificadora (Marine Stewardhip Council- MSC) suspendeu em janeiro a certificação da sardinha portuguesa, após concluir numa auditoria realizada em dezembro de 2011 que não existem medidas suficientes para controlar as capturas de modo a promover a sustentabilidade do recurso.

Por outro lado, a gestão do stock deste pescado apresenta «fragilidades», uma vez que a mortandade da sardinha tem vindo «a aumentar desde 2008 devido à atividade da pesca e a população desovante a diminuir desde 2006».

Em causa está a impossibilidade dos operadores, desde a produção à distribuição, de usar o rótulo de certificação nas transações comerciais do pescado.

Com o intuito de levantar a certificação, a ANOPCERCO entregou antes de 12 de abril um plano de ação, cujas medidas estão a ser implementadas até que haja provas de recuperação do stock.

As medidas passam por reduzir as atividades de pesca, limitar os totais admissíveis de capturas fixando a quota total nas 35.700 toneladas para 2012, o que representa uma redução de 35 por cento das capturas face a 2009.

Além disso, foi proibida a pesca durante 45 dias (entre 1 de janeiro e 30 de abril) e aos fins de semana e foram impostas as nove mil toneladas como limite de desembarques permitidos entre o primeiro dia do ano e 31 de maio.

Uma auditoria a realizar em julho vai determinar se o plano foi eficaz, sob pena de ser retirada a certificação que foi atribuída até 2015.

A ANOPCERCO representa 120 embarcações, responsáveis pela captura em 2011 de 55 mil toneladas de sardinha, das quais 17 mil entre janeiro e maio e 38 mil toneladas entre junho e dezembro.

A atribuição da certificação sobre a sustentabilidade da sardinha, quer seja fresca, congelada ou transformada, era encarada pelo setor, em 2010, como uma oportunidade para valorizar o preço de venda, aumentando a rentabilidade de toda a fileira.