Adesão à greve dos técnicos de diagnóstico entre 80 a 90% - TVI

Adesão à greve dos técnicos de diagnóstico entre 80 a 90%

  • AR - Atualizada às 13:30
  • 24 mai 2018, 10:16

Secretário-geral do SINTAP espera grande participação na manifestação de hoje à tarde por causa do descontentamento dos profissionaispor falta de acordo com o Governo sobre tabelas salariais, transições para nova carreira e sistema de avaliação

A adesão à greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica nos hospitais de Norte a Sul do país estava às 09:30 entre os 80 e os 90%, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP).

Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram hoje às 00:00 dois dias de greve nacional por falta de acordo com o Governo sobre matérias relativas às tabelas salariais, transições para nova carreira e sistema de avaliação.

Segundo o secretário-geral do SINTAP, José Abraão, a adesão à greve está entre os 80 e os 90%, esperando-se uma grande participação na manifestação de hoje à tarde por causa do descontentamento destes profissionais.

Nos grandes hospitais, como o São José e o Santa Maria [em Lisboa], o S.João e o Santo António [no Porto], de norte a sul do país há uma grande adesão por parte dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que ronda os 80 a 90% nestes primeiros turnos, porque as pessoas estão indignadas, cansadas... [estão] há 19 anos à espera de uma carreira que está criada há cerca de dois anos e falta regulamentar as transições e o que tem que ver com a definição da tabela salarial", explicou à agência Lusa José Abraão.

Reconhecendo que as consequências desta greve começarão a fazer-se sentir durante a manhã, quando começam a ser realizados os exames de diagnóstico que estavam marcados, José Abraão disse que esta greve servirá para que o Governo e os sindicatos possam aproximar posições sobretudo em matérias de abertura de concursos e progressão de carreiras.

O dirigente sindical lembrou que "cerca de 90% dos trabalhadores são colocados nas primeiras posições remuneratórias" na proposta que o Governo apresentou aos sindicatos e sublinhou que esta greve se destina "a que o Governo aproxime as suas posições e, no mínimo, confira aos técnicos superiores de diagnóstico um desenvolvimento indiciário igual ao dos técnicos superiores".

"Só assim fará sentido. Que não se cometa, nesta oportunidade de termos uma carreira, o erro de ela partir com injustiça, pois sendo ela uma carreira vertical, com várias categorias, não há nenhuma garantia de que serão abertos concursos para que se possa promover as pessoas", afirmou José Abraão, sublinhando: "Gente com 25 e 30 anos de carreira colocada nas primeiras posições reconhecer-se-á que é uma injustiça muito grande, pois os que os que entram agora em muitos casos ficam a ganhar o mesmo".

Vai ser uma grande greve e as pessoas estão a deslocar-se para Lisboa, onde teremos logo a manifestação e iremos ao parlamento, onde será entregue uma carta à Assembleia da República para sensibilizar os deputados para a necessidade de olhar para esta carreira, que é fundamental no âmbito da saúde, e para que este problema possa ser definitivamente resolvido", acrescentou.

A greve foi convocada pelas quatro estruturas sindicais que representam os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, sendo que a paralisação deve afetar análises clínicas, meios complementares de diagnóstico e alguns tratamentos.

O presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, Luís Dupont, disse à agência Lusa que o acordo assinado com o Ministério da Saúde esta semana diz respeito a matérias já acordadas em março e que não contempla as reivindicações que levaram a esta paralisação nacional de dois dias.

Os sindicatos alegam que a tabela salarial imposta pelo Governo faz com que cerca de 90% dos técnicos permaneçam na base da carreira toda a sua vida profissional. Além disso, dizem que o sistema de avaliação imposto prolonga a estagnação salarial por mais 10 anos.

Argumentam ainda que o Governo violou o acordo firmado com os sindicatos, reduzindo a quota dos que atingem o topo da carreira em 50%.

Hospitais do Algarve com adesão massiva

A adesão à greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica nos hospitais de Faro e Portimão, no Algarve, ronda os 80% a 90% em alguns serviços, como o de Radiologia.

Quer em Faro, quer em Portimão, no conjunto das diversas profissões, há serviços em que entre 80% a 90% dos profissionais não foram trabalhar hoje", disse à Lusa o secretário-geral do SINTAP.

De acordo com José Abraão, a greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica está a afetar a realização de exames e de análises clínicas nos dois principais hospitais do Algarve que, com o de Lagos, compõem o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA).

Coimbra com adesão superior a 80%

A greve de técnicos de diagnóstico e terapêutica no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra é superior a 80%, afirmou hoje fonte sindical.

Em Coimbra, há uma fortíssima adesão à greve, entre 80 a 90% e, em alguns serviços, será até superior", disse à agência Lusa José Abraão, que acredita que, ao longo do dia, o número poderá vir a aumentar.

Sinal de adesão à greve foi a concentração de largas dezenas de técnicos de diagnóstico e terapêutica hoje de manhã à frente do CHUC, alguns com batas branca e braçadeira negra, que se preparavam para entrar nos autocarros em direção a Lisboa, onde hoje há uma manifestação do Marquês de Pombal até à Assembleia da República.

Se retirarmos os serviços mínimos exigidos, a adesão é quase de 100%", notou Eliana Conceição, que trabalha no IPO de Coimbra, sublinhando que estes profissionais estão "cansados".

A técnica contou à agência Lusa que está há mais de dez anos na mesma posição, sem qualquer progressão de carreira, referindo que a perspetiva de ter uma subida de 30 euros a cada dez anos no salário leva a que, a médio prazo, passe a receber aquilo que será o salário mínimo no futuro.

Vera Fernandes, do serviço de radioterapia do IPO, criticou também a ausência de progressões e a não contabilização do tempo de serviço: "Alguém com mais de dez anos está na mesma posição que alguém que começou agora".

Greve adia tratamentos em Castelo Branco

A greve de técnicos de diagnóstico e terapêutica está a afetar "com algum significado" na Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (ULS), onde os utentes manifestam sentimentos contraditórios, consoante conseguiram ou não ser atendidos.

Todos têm direito à greve, tudo bem. Mas em casos destes não se compreende" afirmou à agência Lusa Maria Arminda Bonifácio, da Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão.

A funcionária da instituição, que se encontrava de folga, deslocou-se de propósito ao Hospital Amato Lusitano (HAL) de Castelo Branco, com uma utente da Santa Casa, Ilda Barata, de 89 anos.

"A senhora faz diálise três vezes por semana. Está cheia de dores. Marcaram anteontem [terça-feira] um exame ao coração. Chegámos às 09:30 e disseram-nos que estavam em greve", desabafou.

"Em casos destes não se compreende. Agora, estamos à espera dos bombeiros [ambulância] para nos levar para Vila Velha de Ródão", disse.

Maria Arminda Bonifácio explicou ainda que a resposta que lhe deram foi que terão de aguardar por nova marcação, que não se sabe quando vai ser.

Já Manuel Claro, de 58 anos, transplantado a um rim há cerca de 10 anos, deslocou-se ao HAL, onde chegou às 8:00, e foi atendido.

"Vim fazer análises ao sangue e à urina e fui atendido. Agora estou à espera da consulta que só vai ser às 14:00", afirmou.

Questionado sobre a greve, este utente não quis pronunciar-se, limitando-se a esboçar um sorriso.

"Não posso dizer nada porque fui atendido e até já me marcaram para a próxima semana mais exames", concluiu.

À Lusa, fonte da ULS de Castelo Branco confirmou que a greve está a ter "algum significado" no turno da manhã (das 08:00 às 16:00).

Já o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), José Abraão, disse que segundo as informações disponíveis sobre Castelo Branco, a adesão ronda os 80%.

Greve não se está a sentir no Hospital de Braga

A greve de técnicos de diagnóstico e terapêutica não se está a sentir no Hospital de Braga, onde os utentes dizem nem saber que estava marcado aquele protesto, reclamando pela "incerteza constante" sobre se o funcionamento dos serviços.

"Outra greve? Desta vez de quem? Isto assim não dá. Temos uma incerteza constante sobre se vamos ser atendidos, de há médicos, enfermeiros e agora também técnicos", reclamou à Lusa, à porta daquela unidade hospitalar de Braga, Maria da Fonte, reformada, 67 anos.

"Todos sabemos que a greve é um direito, mas ser atendida e ter um serviço em condições também é. E com tanta greve perdemos a conta a quanto isto anda", continuou a sexagenária.

O movimento no Hospital de Braga "é o normal", segundo quem ali trabalha na cafetaria de acesso ao público.

"Não se está a sentir muito, também ainda é cedo. Aqui ainda não ouvimos reclamações sobre isso e acredite que ouvimos sempre", explicou à Lusa uma das funcionárias do serviço.

Carlos Castro, 38 anos, veio ao Hospital para uma consulta se rotina: "Estou aqui a ser seguido depois de uma superação. Estou agora a saber da greve, mas acho que não vai interferir com a minha vida ou pelo menos assim espero", referiu.

70% de adesão na Madeira

A greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica regista uma adesão de 70% no Hospital Central do Funchal, indicou hoje o sindicato do setor, numa altura em que o Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM) ainda não divulgou números.

A adesão é boa, superior a 70%, mas estão salvaguardados os serviços mínimos", disse à agência Lusa Ricardo Freitas, do Sindicato dos Trabalhadores a Administração Pública, vincando que a percentagem de grevistas se refere a um universo de cerca de 200 profissionais na região autónoma.

O SESARAM emitiu, entretanto, um comunicado alertando os utentes para a greve dos técnicos superiores das áreas de diagnóstico e terapêutica, que teve inicio hoje e decorre em todo o território nacional durante dois dias.

As autoridades regionais asseguram que todas as situações urgentes serão atendidas e os serviços mínimos salvaguardados, mas advertem para condicionamentos ao nível das ciências biomédicas laboratoriais, da imagem médica e da radioterapia, da fisiologia clínica, da terapia e reabilitação, da visão, da audição, da saúde oral, da farmácia e da saúde pública.

"O sindicato lamenta os transtornos que a greve possa provocar aos utentes, mas o objetivo é salvaguardar os interesses dos profissionais e, deste modo, garantir uma melhor assistência aos utentes", afirmou Ricardo Freitas, vincando a falta de acordo com o Governo sobre matérias relativas às tabelas salariais, transições para nova carreira e sistema de avaliação.

Mais de 73% de adesão no maior hospital dos Açores

A greve dos técnicos de diagnóstico e terapêutica está a registar uma adesão entre os 73 e os 80% no Hospital de Ponta Delgada, em São Miguel, a maior unidade de saúde dos Açores, disse fonte sindical à Lusa.

Estimamos a adesão à greve entre 73 a 80% no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, e os serviços mais afetados são o bloco operatório com o cancelamento de algumas cirurgias programadas e que necessitam de meios complementares de diagnóstico, tratamentos de fisioterapia, nomeadamente terapia da fala e ocupacional, exames imagiológicos e de cardiologia", afirmou Júlio Carvalho, delegado no arquipélago do Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnostico e Terapêutica.

Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram hoje às 00:00 dois dias de greve nacional por falta de acordo com o Governo sobre matérias relativas às tabelas salariais, transições para nova carreira e sistema de avaliação.

A greve é convocada pelas quatro estruturas sindicais que representam os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, sendo que a paralisação deve afetar análises clínicas, meios complementares de diagnóstico e alguns tratamentos.

Estamos a fazer greve por falta de alternativa. Era inevitável, já que o Governo encerrou as negociações, de uma forma unilateral, sem acordo e a carreira está vazia naquilo que concerne às transições, às tabelas salariais e na avaliação do desempenho”, sustentou Júlio Carvalho.

“Temos profissionais a lutar há 18 anos e queremos equidade com outras carreiras”, referiu, sublinhando "a solidariedade" dos profissionais nos Açores com os seus congéneres do continente.

Apesar da greve, alguns utentes da maior unidade de saúde da região garantiram à Lusa que não viram os seus exames cancelados.

Fonte da secretaria regional da Saúde acrescentou à Lusa que ainda aguarda pelo apuramento dos dados.

A greve, que se prolonga até às 24:00 de sexta-feira, prevê o cumprimento de serviços mínimos, abrangendo tratamentos de quimioterapia e radioterapia ou os serviços de urgência.

Em Lisboa, a concentração está prevista para as 14:30, no Marquês de Pombal, estando programado um desfile até à Assembleia da República.

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