Automutilações e tentativa de suicídio levam 300 jovens às urgências - TVI

Automutilações e tentativa de suicídio levam 300 jovens às urgências

Hospital Amadora-Sintra

Apesar dos números, a direção-geral de Saúde afirma não ser possível medir a evolução do suicídio em Portugal

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Cerca de 300 crianças e adolescentes deram entrada em 2014 nas urgências de pedopsiquiatria no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, na sequência de comportamentos autoagressivos, como automutilações e tentativas de suicídio.

Estes dados, que se referem ao período entre 2012 e 2014, foram revelados, esta quinta-feira, no âmbito da apresentação do relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2015”.

Estes dados recordam que no Serviço Nacional de Saúde só existem camas específicas para crianças e adolescentes nos Departamentos de Saúde Mental da Infância e Adolescência do Centro Hospitalar Lisboa Central/Hospital Dona Estefânia e no Centro Hospitalar do Porto.

"Não é possível medir a evolução do suicídio em Portugal"

O diretor-geral da Saúde afirmou que “não é possível medir a evolução do suicídio em Portugal”, uma vez que, em 2014, o registo das causas de morte passou a ser feito através de uma nova metodologia.

Francisco George falava na apresentação do relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2015”, no qual se lê que a taxa de mortalidade por suicídio passou para 11,7 por 100 mil habitantes, em 2014, quando em 2012 e 2013 tinha sido de 10,1, por 100 mil habitantes.

“Não sabemos, nem podemos medir, a evolução do suicídio em Portugal, devido a uma quebra de série”, disse o diretor-geral da Saúde, citado pela Lusa, acrescentando que, por esta razão, não se pode dizer que houve um aumento do suicídio. Até 2014, explicou, o certificado de óbito era em papel assinado pelo médico. “Muitas vezes – por pressão da família ou por motivos religiosos – o suicídio era subnotificado”, pelo que “terão existido mais suicídios do que os notificados”.

Há dois anos, iniciou-se uma nova série, com o registo eletrónico, que “veio reduzir a subnotificação”, disse Francisco George. Esta dificuldade em medir o suicídio é “motivo de inquietação” para o diretor-geral da Saúde.

O relatório, que foi hoje apresentado em Lisboa, analisou a variação da mortalidade por suicídio, ao longo de três intervalos de tempo (1989-1993, 1999-2003 e 2008-2012), concluindo que o período mais recente – “de crise” – apresentou “a mortalidade por suicídio mais alta", assim como "a taxa bruta mais alta”. Entre 1989-1993 e 1999-2003, a taxa de suicídio tinha diminuído 5,4%; já desde o segundo período até 2008-2012, registou-se um aumento de 22,6%.

Segundo este estudo por intervalos temporais, os homens apresentam uma taxa de suicídio três vezes maior, assim como os maiores aumentos de taxa, entre os diferentes períodos de tempo analisados. Há também uma distribuição geográfica marcada no suicídio, que é tradicionalmente menor no Norte e maior na região Sul. O estudo encontrou ainda uma associação estatística entre os altos níveis de ruralidade e de privação material e a taxa de suicídio aumentada para os homens.

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