Devemos ter medo do herpes? - TVI

Devemos ter medo do herpes?

O vírus que atinge dois terços da população mundial e que ninguém gosta de admitir que tem

Dois terços da população mundial com menos de 50 anos tem herpes. O estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela números impressionantes deste vírus.

A dermatologista Leonor Girão, convidada do Diário da Manhã da TVI desta quarta-feira, explica que esta “é realmente uma infeção muito frequente”, mas que “não devemos ficar em pânico, porque é uma infeção benigna”. O herpes faz parte de uma “família numerosa”, que inclui a “varicela”. O herpes é um vírus “oportunista”, que aparece “quando estamos mais debilitados”, em consequência de uma cirurgia, infeção, doença, e "até do sol".

“A nível da face, que é o vírus herpes tipo 1 , aparecem aquelas feridinhas. Primeiro, começa por dar uma comichão, um incómodo à volta da boca. O lábio é o sítio mais frequente”, de acordo com a médica. “Aparecem umas borbulhinhas com líquido, que chamamos vesículas, todas juntinhas, que depois fazem uma crosta e, depois, vão-se embora”. Leonor Girão acrescenta que esta doença “é incomodativa e autolimitada, o que quer dizer que ao fim de uma ou duas semanas, vai-se embora naturalmente, mesmo que não façamos nada”.

Segundo os dados da OMS, 3.700 milhões de pessoas com menos de 50 anos têm o tipo 1 do vírus, o VHS-1, e, na maior parte destes casos, a infeção ocorreu durante a infância. 

“É francamente contagioso”, adverte a dermatologista, desaconselhando a partilha de copos, loiça, talheres e toalhas entre infetados e não infetados. E, também, “as pessoas que tenham essas feridas não devem dar beijinhos porque, a nível dos lábios é a forma de contacto mais fácil”.  

“Apesar de ser uma doença benigna, pessoas que têm problemas de saúde graves, por vezes, podem sofrer uma infeção que é generalizada, ou seja, o vírus não fica só ali e pode passar a outras zonas do corpo”, provocando “febre e outras queixas mais sérias”.

Uma vez tendo este vírus “não conseguimos eliminá-lo do nosso corpo”, embora “haja uma vacina, mas não faz parte dos programas de vacinação e é dispendiosa”, refere a médica. A manifestação tardia desta família de vírus” é “responsável pelo aparecimento de zona, uma doença que é mais incomodativa  e que dá uma dor forte e persistente”. 

Também “há também o herpes genital, em que as queixas são semelhantes. Também acontecem lesões” e “são mais incomodativas”, para além de “demorarem, em geral, mais tempo a curar: quatro a seis semanas”, explica a médica.

Há 417 milhões de pessoas, com idades entre os 15 e os 49 anos, que têm o tipo 2, o VHS-2, estima a OMS. Este tipo de herpes, “regra geral, passa-se pelo contacto direto, ou seja, através de contacto sexual" ou "por manuseamento de toalhas” em contacto com as lesões, de acordo com a médica, que lembra que o aparecimento em mulheres que têm este herpes é muito comum na altura da menstruação. 
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