Enfermeiros mais expostos a infecções - TVI

Enfermeiros mais expostos a infecções

Foto (arquivo)

Sindicato da classe diz que riscos podiam ser menores, não fosse políticas com «motivos economicistas»

Relacionados
Os enfermeiros são os profissionais de saúde mais expostos à infecção por vírus, risco que podia ser minimizado com recurso a agulhas de segurança e outras medidas que são descuradas por «motivos economicistas», acusa um sindicato da classe, escreve a Lusa.

Guadalupe Simões, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), falava à Lusa a propósito das II Jornadas Internacionais de Cirurgia das Beiras e Trás-os-Montes, que vão decorrer quarta-feira no Instituto Piaget de Viseu e nas quais será debatido o tema das infecções por vírus como o da sida ou das hepatites em meio hospitalar.

Utentes e enfermeiros unidos contra precariedade

Oito em cada dez doentes com infecções hospitalares

De acordo com informações da organização deste evento, «90 por cento dos profissionais de saúde com HIV foram infectados em ambiente hospitalar».

«Infecções como a Sida, Hepatite B e Hepatite C são alguns dos riscos a que os profissionais de saúde estão diariamente expostos como consequência da picada acidental com uma agulha, por exemplo, num serviço de urgência de um hospital», lê-se na documentação das jornadas.

Os enfermeiros portugueses estão «especialmente preocupados com esta situação», uma vez que dados internacionais indicam que são estes os profissionais de saúde que mais expostos estão às picadas, nomeadamente de agulhas e bisturis.

Infectados com o vírus da sida

De acordo com Guadalupe Simões, «não existem dados em Portugal» sobre o número de profissionais de saúde infectados por esta via.

Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que nove em cada 10 profissionais de saúde infectados com o vírus da sida contraíram a doença acidentalmente devido à picada acidental com uma agulha no local de trabalho.

«Não temos dados, mas sabemos que estas infecções são frequentes, principalmente pelos vírus das hepatites (B e C)», disse.

Esta dirigente do SEP lamenta que simples medidas de segurança, como a utilização de seringas que recolhem a agulha após o uso, não sejam utilizadas em todas as instituições de saúde.

Por outro lado, acrescenta Guadalupe Simões, as «situações caóticas» que se registam em muitas urgências hospitalares, com «a falta cada vez maior de enfermeiros», leva a que exista uma «sobrecarga de trabalho que não permite que sejam devidamente tomados os procedimentos de segurança».

Doentes rastreados ao VIH

Esta enfermeira critica ainda que, devido ao sigilo profissional, muitos enfermeiros desconheçam que estão a tratar um doente infectado e, por isso, não apliquem os procedimentos de segurança necessários.

«Já tratei doentes que soube estarem infectados com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) só depois de morrerem», disse.

Por esta razão, Guadalupe Simões defende que todos os doentes sejam rastreados ao VIH quando entram nos serviços de saúde e que o resultado deste rastreio seja divulgado a todos os profissionais, para que estes tomem medidas de protecção.

Contactado pela Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos reconheceu o problema, mas disse que o mesmo faz parte dos riscos inerentes à profissão de médicos.

«São ossos do ofício», afirmou Pedro Nunes, reconhecendo que existem especialidades - como a cirurgia - onde o risco é maior. Para o bastonário, «os médicos estão conscientes deste risco, mas sabem quais as medidas que devem tomar».
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE