Enfermeiros propõem menos cesarianas e camas hospitalares - TVI

Enfermeiros propõem menos cesarianas e camas hospitalares

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

Objetivo é que as propostas permitam uma poupança de 18,6 milhões de euros por ano

A redução do número de cesarianas e de camas hospitalares e o aumento dos cuidados de proximidade são as principais propostas dos enfermeiros para levar o Ministério da Saúde a poupar 18,6 milhões de euros por ano.

Num encontro com os jornalistas, no qual esteve presente o ministro da Saúde, a Ordem dos Enfermeiros apresentou o documento «15 propostas para melhorar a eficiência do SNS» (Serviço Nacional de Saúde).

Para o bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE), Germano Couto, estas são propostas concretas de melhoria, com redução de custos.

«É possível reduzir o equivalente a 165 mil dias de internamento e 18,6 milhões de euros de custos para o Ministério da Saúde, por ano», afirmou.

Na opinião do bastonário, é preciso reduzir a oferta hospitalar, no que respeita à produção em excesso, nomeadamente com «a redução do número de camas».

Segundo as contas dos enfermeiros, uma redução de 10% no número de camas poderá conduzir a poupanças anuais de 4,5 milhões de euros de impacto na saúde, e 480 mil euros de redução de custos diretos dos hospitais.

A transferência de recursos hospitalares para a comunidade é outra das grandes apostas dos enfermeiros, envolvendo sobretudo duas áreas: a saúde materna e a doença crónica.

Ao nível da primeira, a OE pretende incentivar a diminuição do número de cesarianas, com a promoção do parto normal, da alta precoce (nestes casos) e da redução dos internamentos por falso trabalho de parto, que permitiriam reduzir 47.156 dias de internamento e cerca de 4,13 milhões de euros anuais, à despesa associada.

O objetivo é reduzir a taxa de cesarianas para 20% dos partos, permitir a alta antes das 24 horas a metade das mulheres com parto vaginal sem complicações e reduzir para metade o falso trabalho de parto ou a sua indução sem critérios clínicos, tudo até 2015.

A este propósito, o ministro da Saúde destacou que esta é também «uma das prioridades» da tutela e sublinhou que muitos hospitais públicos praticam o dobro das cesarianas recomendadas e os privados fazem-no três vezes mais.

No âmbito da gestão da doença crónica, os enfermeiros propõem novas formas de incentivar a transferência de cuidados para a comunidade: criação de modelos de gestão de doentes com risco elevado de internamento, introdução de boas práticas nos tratamentos de úlceras de perna e promoção da melhoria das respostas ao nível dos cuidados continuados.

A estimativa de poupança destas propostas previa uma redução de 32.203 dias de internamento hospitalar e de cerca de 9,48 milhões de euros anuais.

No âmbito da saúde mental, os enfermeiros defendem a criação de serviços de hospital de dia e de equipas de apoio domiciliário, assim como o desenvolvimento de projetos de saúde mental que permitam a deteção precoce de situações de risco.

A OE sugere ainda a criação de unidades de AVC em todos os hospitais e uma alta precoce apoiada, em que o doente com AVC possa fazer a reabilitação em comunidade e não no hospital, dispensando assim o internamento.

O ministro da Saúde garantiu que irá analisar cada uma destas medidas detalhadamente, algumas das quais vão ao encontro das prioridades do próprio ministério, mas sobretudo aplaudiu a iniciativa de a OE de apresentar «propostas concretas de melhoria do SNS, na ótica da sua sustentabilidade».

«É uma iniciativa que vale por si mesma e deve servir de exemplo de proatividade para outras áreas na saúde», afirmou o ministro.
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