Estratégia da DGS para outono e inverno "é a possível", dizem médicos - TVI

Estratégia da DGS para outono e inverno "é a possível", dizem médicos

  • Agência Lusa
  • BCE
  • 23 out 2021, 20:10
Covid-19: hospitais da República Checa estão à beira do colapso

Para os médicos, este plano "já deveria ter saído há mais de um mês" para que os hospitais se pudessem preparar para uma eventual maior pressão nos serviços

A estratégia das autoridades de saúde para responder à covid-19 no outono e inverno é a "possível" face aos recursos existentes e deveria ter sido divulgada mais cedo, defendeu, este sábado, a Associação de Médicos de Saúde Pública.

"Tendo em conta a realidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o esforço que já passou e as situações de rutura em vários hospitais nos últimos tempos, eu penso que esta é a estratégia possível", disse à Lusa o vice-presidente da associação, Gustavo Tato Borges.

Na sexta-feira, a Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou o referencial para o outono e inverno, ou seja, as linhas orientadoras para as entidades do SNS de resposta à pandemia nos próximos meses, e que define como objetivo principal a minimização dos casos de doença grave e de mortalidade por covid-19.

Esta estratégia, que prevê três cenários de nível de gravidade da situação pandémica, pretende "garantir uma resposta eficiente e coordenada, ajustada à situação epidemiológica da infeção por SARS-CoV-2 e aos desafios adicionais do período outono/inverno, reduzindo o impacto na morbimortalidade na população em geral e nos grupos de risco", avança o documento.

Para Gustavo Tato Borges, o referencial "deveria ser mais sucinto e focado naquelas que são as medidas específicas para combater" a pandemia nos próximos meses, lamentando também que tenha sido publicado "com a época de outono em pleno".

"Já deveria ter saído há mais de um mês para podermos estar completamente preparados", alertou o médico, ao salientar que "convém ter tempo" para um hospital ou um centro de saúde se prepararem para uma eventual maior pressão dos seus serviços.

O especialista em saúde pública adiantou ainda que, a partir do momento que foram levantadas as restrições, o "peso da responsabilidade do controlo da pandemia passou também a ser muito de cada cidadão".

"Não havendo nada de extraordinário, a nossa realidade poderá passar entre o cenário mais favorável e o intermédio, porque não há razão, neste momento, para antever uma situação de extrema gravidade" no inverno, adiantou o vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

O cenário 1 previsto pela DGS assume que não existem alterações na eficácia da vacina contra a covid-19, nem o aparecimento de uma nova variante de preocupação nos próximos meses. Nesta situação, Portugal deverá registar uma incidência do vírus moderada, com reduzida mortalidade e ocupação de cuidados intensivos, sem pressão adicional sobre o sistema de saúde.

O cenário intermédio já prevê uma redução lenta da eficácia das vacinas, por diminuição da imunidade com o tempo, mas ainda sem o aparecimento de uma nova variante do vírus considerada de preocupação.

Nesse cenário 2 a incidência do SARS-CoV-2 será elevada, resultando numa ocupação moderada a elevada das unidades de cuidados intensivos e uma pressão ligeira a moderada no sistema de saúde.

De acordo com os pressupostos e estimativas calculadas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o limiar definido ao nível dos cuidados intensivos é ultrapassado na segunda quinzena de janeiro.

Já no cenário considerado mais preocupante, o 3, está previsto o surgimento de uma nova variante com características que permitem a evasão do SARS-CoV-2 ao sistema imunitário, provocando uma redução rápida da eficácia da vacina, e um aumento da transmissibilidade do vírus e da gravidade da doença.

Neste caso, a incidência do SARS-CoV-2 será muito elevada, assim como a ocupação das unidades de cuidados intensivos dos hospitais portugueses, prevendo o INSA que o limiar seja ultrapassado mais cedo, na primeira quinzena de janeiro.

Este cenário aponta ainda para uma mortalidade devido à covid-19 muito elevada e, de acordo com os cálculos do INSA, o limiar definido pode ser ultrapassado na segunda quinzena de dezembro.

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