Farmacêuticos preocupados com novo modelo de remuneração às farmácias

A Ordem dos Farmacêuticos (OF) adverte que o novo modelo de remuneração «agora imposto» às farmácias pode ter «sérias implicações» na independência profissional dos cerca de 8 mil farmacêuticos que trabalham nas farmácias comunitárias.

A OF reagia ao decreto-lei aprovado nesta quinta-feira em Conselho de Ministros, que estabelece um novo regime de formação do preço dos medicamentos com o objectivo de conseguir «uma baixa generalizada dos respectivos preços» e «uma redução nos gastos públicos», que já levou à demissão da direcção da Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Em comunicado, a OF afirma que foi com «especial intranquilidade» que teve conhecimento desta decisão e «lamenta profundamente» não ter sido ouvida pelo Governo antes da aprovação da medida, «a Ordem dos Farmacêuticos entende que um tal modo de fazer política não é o que mais se coaduna com o respeito e a consideração que são devidos às instituições», sublinha.

Para a OF, esta medida «pode ter sérias implicações, directas e indirectas, na independência profissional e nos basilares deveres de deontologia dos cerca de oito mil farmacêuticos que exercem funções nas farmácias comunitárias».

«As decisões ontem [quinta-feira] tomadas vêm na esteira de várias medidas de austeridade adoptadas nos últimos anos, designadamente as sucessivas reduções administrativas operadas nos preços dos medicamentos, as quais têm vindo a criar problemas de natureza económica e financeira aos diferentes operadores do circuito do medicamento (indústria farmacêutica, distribuição grossista e farmácias), que se têm revelado particularmente graves para muitas farmácias», refere.

De acordo com a Ordem, a despesa do Estado com medicamentos em ambulatório diminuiu cerca de 160 milhões de euros, nos primeiros seis meses do ano, em comparação com o período homólogo do ano passado, mantendo-se actualmente esta tendência.