O Ministério reconhece haver mais de um milhão e duzentos mil portugueses sem médico de família, porque faltam 693 clínicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Segundo uma fonte do Ministério ouvida pela Agência LUSA, o recurso aos médicos aposentados é uma das medidas para aligeirar o problema e há 51 clínicos reformados que já manifestaram disponibilidade para regressar ao SNS, nomeadamente para os cuidados de saúde primários.
Além da recolocação de médicos reformados, o governo tem também em curso um concurso nacional para Medicina Geral e Familiar.
Aposentações agravam problema
Em junho do ano passado, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) estimava uma necessidade entre 629 e 770 médicos de família e alertava que a carência de médicos irá "agravar-se pelo crescimento acentuado das aposentações, previsto para o período 2016-2021, num total de 1.761 aposentações".
A falta de médicos foi também um problema sublinhado pelo Tribunal de Contas, para quem a falta de médicos de medicina geral e familiar resulta da eventual cedência a interesses corporativos ('numerus clausus' restritivos à entrada nos cursos de medicina e condicionamento do acesso à formação pós-graduada).
O rácio de utentes inscritos por médico degradou-se. Registou-se uma diminuição de 71 médicos nos cuidados de saúde primários, entre 2013 e o primeiro semestre de 2015", salienta a referida auditoria.
A auditoria do Tribunal acentuava ainda a ausência de incentivos eficazes à adequada distribuição territorial dos recursos médicos.