Hospitais precisam de pelo menos 150 farmacêuticos - TVI

Hospitais precisam de pelo menos 150 farmacêuticos

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  • 7 jul 2018, 09:02
Medicamentos

Alerta foi deixado por Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, que acrescenta estar "posta em causa a segurança dos doentes”

Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) precisam de pelo menos 150 farmacêuticos para fazer face às necessidades e à passagem às 35 horas de trabalho, segundo a Ordem dos Farmacêuticos.

Em declarações à Lusa, a bastonária, Ana Paula Martins, indica que a Ordem fez um levantamento das necessidades, hospital a hospital, que será entregue ao Ministério da Saúde, concluindo que faltam 150 farmacêuticos e número idêntico de técnicos de diagnóstico e de assistentes operacionais, profissionais essenciais para o trabalho em equipa nas farmácias hospitalares.

A responsável afirma que, por enquanto, não foi sentido nos serviços farmacêuticos hospitalares nenhum impacto significativo na primeira semana de passagem das 40 para as 35 horas de trabalho semanais.

Contudo, refere que a carência de profissionais nas farmácias hospitalares já era significativa antes das 35 horas, sobretudo nos últimos quatro ou cinco anos.

Apesar de na primeira semana o impacto não ter sido ainda sentido nos serviços farmacêuticos, a bastonária assume que é “muito grande a preocupação” com a passagem das 40 para as 35 horas semanais de trabalho, que abrange os farmacêuticos e outros profissionais.

“Se já estávamos em situações de grande fragilidade para manter os serviços e já tínhamos, em zonas do país, encerrado serviços noturnos sem as 35 horas, com as 35 horas, temíamos que a situação se agravasse”, afirmou Ana Paula Martins à Lusa.

A bastonário aponta atrasos na previsão e planeamento das 35 horas: “As contratações começaram agora a acontecer. Daí termos manifestado que devia ter sido previsto com mais tempo. O que estamos a fazer agora podia ter sido feito mais cedo. Mas agora há que olhar em frente”.

A representante dos Farmacêuticos acredita que o Ministério da Saúde esteja a fazer a avaliação das necessidades de cada hospital, embora a Ordem desconheça quantos farmacêuticos vão ser contratados para as unidades públicas de saúde.

O levantamento que a Ordem dos Farmacêuticos fez das carências em cada hospital vai igualmente ser enviado para as administrações das unidades, até porque Ana Paula Martins acredita que “vão ter um peso importante” na escolha dos recursos a contratar.

A bastonária frisa a necessidade de ter profissionais suficientes para assegurar funções de extrema importância, como a quimioterapia, a administração de medicamentos em dose unitária ou as preparações pediátricas.

No final de junho, a bastonária tinha enviado uma carta ao Ministério da Saúde na qual anunciava que previa uma rutura de prestação de cuidados nos hospitais “como não há memória” a partir de julho, com a passagem às 35 horas a partir do início deste mês.

A situação é tão grave, referia a carta, que “está posta em causa a segurança dos doentes”.

A Ordem indicava ainda que “a maioria dos serviços farmacêuticos hospitalares” reporta impactos da falta de pessoal na dispensa e preparação de medicamentos aos doentes.

Há hospitais a deixar de dar medicamentos em dose unitária por falta de pessoal

A Ordem dos Farmacêuticos denunciou ainda que há hospitais públicos a deixar de dar medicamentos em dose unitária aos doentes por dificuldades de pessoal, lembrando que este método dá mais segurança e diminui erros.

Ana Paula Martins, referiu que há “serviços em alguns hospitais” onde se deixou de distribuir a medicação por dose unitária, que é uma prática mais segura.

“É quase uma questão civilizacional (…). Nós temos neste momento serviços em hospitais onde não fazemos a dose unitária, onde entregamos [a medicação] em embalagens de medicamentos. Há muitos anos que não fazíamos isto. A dose unitária permite muito menos erros”, explicou Ana Paula Martins.

A dose unitária e individual permite reduzir o tempo de enfermagem dedicado à preparação da medicação, permite diminuir os riscos de contaminação do medicamento e os erros de administração.

 

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