Jovens têm maior conhecimento sobre a obesidade do que os adultos - TVI

Jovens têm maior conhecimento sobre a obesidade do que os adultos

  • SS
  • 25 out 2019, 10:04
Obesidade

Conclusão consta num estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto

Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que os jovens portugueses têm um "conhecimento mais correto" sobre o diagnóstico, prevalência e causas da obesidade do que os adultos, revelou esta sexta-feira a responsável.

Em declarações à agência Lusa, Ana Henriques, investigadora do ISPUP responsável pelo estudo, publicado na revista científica "Eating and Weight Disorders – Studies on Anorexia, Bulimia and Obesity", afirmou que "o conhecimento dos jovens é mais correto e transversal quando comparado com o dos adultos".

As conclusões deste estudo surgem no âmbito de um questionário, que envolveu 1.624 participantes, com idades entre os 16 e 79 anos, sobre as causas, prevalências, diagnósticos e tratamentos da obesidade.

Este estudo é inovador na medida em que foi uma oportunidade para recolher informação que raramente é inquirida aos portugueses. A obesidade tem sido abordada de um ponto de vista sério, mas, se calhar, incidimos sempre sobre determinados tópicos, como a alimentação e o exercício físico", salientou Ana Henriques.

Questões como "Em cada 100 portugueses quantos é que acha que têm obesidade?" ou "Como se calcula o Índice de Massa Corporal (IMC)?" foram alguns dos enigmas colocados pelas investigadoras.

E, apesar de os participantes terem reconhecido os benefícios da prática da atividade física, o impacto da falta de exercício na obesidade abdominal e as consequências do excesso de peso, as conclusões deste estudo são "antagónicas".

Segundo Ana Henriques, foram detetadas várias lacunas, especialmente no que diz respeito à prevalência da obesidade, ao número de calorias que devem ser ingeridas e ao diagnóstico da doença (cálculo do IMC).

Onde os participantes apresentam mais lacunas é ao nível do diagnóstico da doença, porque não sabem calcular o IMC e não sabem corresponder determinado valor de IMC a um peso normal, excesso de peso ou obesidade", frisou.

A investigadora salientou ainda que, apesar de os jovens terem um conhecimento “mais correto” sobre a obesidade, têm uma “crença errada” sobre as opções de tratamento.

Na questão dos tratamentos e o facto de existir atualmente muita suplementação, os jovens têm uma crença errada de que estes são bons para o tratamento da obesidade, o que revela, do ponto de vista da saúde, uma falsa verdade”, frisou.

À Lusa, Ana Henriques adiantou que os resultados deste estudo mostram a necessidade de implementar "ações de informação para a população" que incidam sobre outros temas e permitam combater a "falta de literacia em saúde".

"É importante perceber como é que traduzimos o fornecimento de mais informação em comportamentos mais saudáveis, porque se nós só dermos informação e não conseguirmos perceber de que forma é que as pessoas vão utilizá-la, este trabalho de ação e formação fica incompleto", concluiu.

O estudo agora publicado surge no âmbito de um projeto mais "amplo" que avaliou o conhecimento e comportamento sobre saúde da população portuguesa em quatro patologias (obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e cancro) e do qual resultou o livro "A informação sobre saúde dos Portugueses: Fontes, Conhecimentos e Comportamentos".

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