Legionella: utilizar água de furos tem riscos quase «nulos» - TVI

Legionella: utilizar água de furos tem riscos quase «nulos»

Legionella [Reuters]

Especialistas dizem que algumas empresas utilizam águas provenientes de furos ou poços, mas se existirem cuidados com a manutenção, não existem grandes riscos de contaminação de bactérias como a legionella

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Muitas empresas utilizam fontes de água próprias, como furos ou poços, para o processo de produção, mas, com cuidado na manutenção dos equipamentos, o risco de contaminação por bactérias, como a 'legionella', é quase nulo, defenderam esta terça-feira especialistas.

«A maior parte das empresas tem fontes próprias de água, como furos e poços, e geralmente nem há uma contabilização em termos de caudal, depois depende da utilização que as fábricas fazem desta água», disse hoje à agência Lusa Teresa Santos, professora no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) e especialista em engenharia sanitária.

«Estas unidades têm de fazer operações de manutenção, com adição de um desinfetante para controlar propagação de microorganismos», como a bactéria 'legionella', acrescentou.

João Cardoso, especialista em climatização e professor do ISEL, realçou que «existem normas internacionais e, se os donos do equipamento tiverem cuidado e conhecimento, a probabilidade de sucederem acontecimentos como este baixa radicalmente, para uma percentagem nula», referindo-se ao surto de 'legionella' que infetou 336 pessoas e originou a morte a 10, na região de Vila Franca de Xira.

Os especialistas falavam à agência Lusa a propósito da conferência «Legionella – Engenharia e Saúde Pública» que decorre hoje ao final da tarde, em Lisboa, organizada pelo ISEL e que reúne profissionais de várias áreas para debater as circunstâncias da ocorrência de surtos desta bactéria.

A doença do legionário, provocada pela bactéria ‘Legionella pneumophila', contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares, provocando pneumonia.

«Se a operação não for bem cuidada, [equipamentos como torres de refrigeração] são fontes potenciais de acumulação e proliferação de microrganismos, de bactérias como a 'legionella', que pode sobreviver e proliferar entre 20 e 40 graus, embora as torres funcionem a temperaturas mais baixas, de 17 a 20 graus, mas utilizam ar exterior que pode estar muito quente», referiu João Gomes, professor coordenador em tecnologia química, igualmente do ISEL.

Embora na manutenção dos equipamentos devam ser utilizados biocidas, desinfetantes como o cloro, numa periodicidade relacionada com o caudal de ar e de água a ser tratados, geralmente o período de vigilância é mais acentuado no verão.

«Durante o outono e inverno relaxa-se um bocadinho mais e alarga-se o período [de manutenção] e, com situações [climatéricas] não expectáveis, podem acontecer problemas como infelizmente veio a acontecer», em Vila Franca de Xira, acrescentou João Gomes.

Este especialista realçou que «os próprios industriais não estão interessados em que se acumulem algas e se desenvolvam bactérias porque isso faz baixar muito a eficiência dos sistemas».

Leonor Pássaro, médica especialista em infeciologia no Centro Hospitalar Barreiro Montijo, disse à Lusa que, regra geral, a pneumonia por 'legionella' em adultos corresponde a 2% das pneumonias da comunidade.

Quanto ao surto de Vila Franca de Xira, «a resposta foi boa e conseguiu-se conter uma epidemia em duas semanas», referiu, acrescentando que, «nestas situações, o mais importante é perceber qual é o foco» da contaminação.
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