Nesta doença a demora média de internamento é o dobro das restantes - TVI

Nesta doença a demora média de internamento é o dobro das restantes

  • AM
  • 7 abr 2017, 09:34

Documento da DGS revela que “a demora média é duplicada para doenças do foro mental em relação à média para todas as patologias [7,8 dias em 2014]”

A demora média de internamento hospitalar para as doenças mentais é o dobro das restantes patologias e fixou-se em 16,7 dias em 2014, segundo um documento divulgado pela Direção-Geral da Saúde esta sexta-feira.

Os dados divulgados esta sexta-feira, quando se assinala o Dia Mundial da Saúde, que tem como tema a depressão, indicam que a demora média de internamento para as doenças do foro mental baixou 0,2 dias em Portugal entre 2005 e 2014.

Segundo o boletim informativo semanal do Plano Nacional de Saúde, no sentido oposto variou a demora média de internamento por todas as patologias nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que no mesmo período cresceu 0,4 dias.

No documento, a DGS sublinha que “a demora média é duplicada (2X) para doenças do foro mental em relação à média para todas as patologias [7,8 dias em 2014]”.

A demora média de internamento por diagnóstico é calculada dividindo o número total de dias de internamento hospitalar, em todos os hospitais, contados a partir da data de admissão até a data de alta, pelo número total de altas (incluindo óbitos) num determinado ano.

Em Portugal, especialistas têm estimado que a depressão possa afetar anualmente cerca de 400 mil pessoas.

“A depressão afeta pessoas de todas as idades, de todas as esferas da vida, em todos os países. Provoca angústia e tem impacto na capacidade de as pessoas realizarem até mesmo tarefas diárias mais simples, com consequências às vezes devastadoras para o relacionamento com a família e amigos e a capacidade de ganhar a vida”, referem as autoridades de saúde portuguesas num texto colocado no portal do Serviço Nacional de Saúde a assinalar o Dia Mundial da Saúde.

Mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo

Mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de depressão, doença que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais contribui para a incapacidade para a atividade produtiva e também a que mais conduz ao suicídio.

Segundo dados da OMS revelados este mês, estima-se que em 2015 a depressão tenha atingido mais de 300 milhões de pessoas, 4,4% da população mundial, registando-se número quase igual de pessoas que sofrem de alguma perturbação de ansiedade (havendo pessoas que acumulam as duas condições).

A depressão é ainda a causa que mais contribui para as mortes por suicídio, que chegam a 800 mil por ano em todo o mundo. Em termos mundiais, o suicídio é mesmo já a segunda principal causa de morte entre os 15 e os 29 anos.

Mas, em Portugal, o suicídio é mais comum entre pessoas mais idosas, nomeadamente que tenham doenças crónicas incapacitantes e que vivam sós.

Em Portugal, as perturbações mentais e do comportamento mantêm um peso significativo no total de anos de vida saudável perdidos e representam 20,55% do total de anos vividos com incapacidade (mais do que as doenças respiratórias ou a diabetes).

Num documento da Direção-geral da Saúde (DGS) a propósito do Dia Mundial da Saúde, os especialistas recordam que as perturbações depressivas são condições de saúde diagnosticáveis e distintas dos sentimentos de tristeza, tensão ou medo que qualquer pessoa pode experienciar ao longo da vida.

Mas a depressão pode ser prevenida e deve tratada, sendo esta uma das mensagens chave da OMS para o Dia Mundial da Saúde:

“Uma melhor compreensão do que a depressão é e como pode ser prevenida e tratada ajudará a reduzir o estigma (ou carga negativa, comum a toda a doença mental) associado e levar a que mais pessoas procurem ajuda”.

Em Portugal, um dos dados que preocupa os especialistas é o intervalo que medeia entre o início de sintomas da depressão e o tratamento médico, que, em 2014, era em média de cinco anos. Só 35% das pessoas com depressão acedeu a cuidados médicos no primeiro ano de surgimento dos sintomas.

Em termos de tratamento, as normas de orientação clínica recomendam, em primeira linha, a psicoterapia para pessoas com perturbações mentais comuns.

Mas a própria DGS reconhece que esta orientação com vista à psicoterapia é inviabilizada pela escassez de psicólogos clínicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), bem como pelo facto de nem todos os que existem terem formação específica para essas intervenções.

Também por isso, Portugal mantém-se há anos como o país da Europa com maior consumo de benzodiazepinas, o grupo dos ansiolíticos e tranquilizantes mais prescritos no SNS, apesar de serem medicamentos que frequentemente induzem dependência e tolerância (necessidade de aumento progressivo da dose para obter resultados).

A evidência científica tem mostrado efeitos preocupantes na toma prolongada desta espécie de ansiolíticos.

Ao contrário, a toxicidade que era comum nos antidepressivos praticamente desapareceu na geração mais recente deste tipo de medicamentos.

No documento elaborado pela DGS, alerta-se que as perturbações depressivas necessitam de uma “adequada avaliação psicológica”, com encaminhado para eventual psicoterapia complementada com medicação antidepressiva quando é necessário.

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