Portugal registou 261 mortes em doentes infetados com VIH em 2018 - TVI

Portugal registou 261 mortes em doentes infetados com VIH em 2018

  • RL
  • 27 nov 2019, 18:42
VIH/Sida

Portugal tem apresentado das mais elevadas taxas de novos casos de infeção VIH e Sida da Europa ocidental

Portugal registou, em 2018, 261 mortes em doentes infetados com VIH, 142 dos quais já com sida, a fase mais avançada da doença, a maioria homens, com a idade mediana de 53 anos, revela um relatório divulgado esta quarta-feira.

A análise do tempo decorrido entre o diagnóstico e a morte revelou que a maioria (55,6%) dos óbitos ocorridos em 2018 teve um diagnóstico de infeção por VIH há mais de 10 anos”, adianta o relatório "Infeção VIH e SIDA – situação em Portugal em 2019", elaborado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo os dados, 26,8% das mortes ocorreram nos cinco anos subsequentes ao diagnóstico da infeção e 17,2% no primeiro ano, o que “sugere tratar-se de diagnósticos tardios".

Na apresentação do relatório, Helena Cortes Martins, do INSA, adiantou que, entre 1983 e 2018, se registaram 14.958 óbitos. Helena destacou ainda a descida de 46% do número de novos casos de infeção por VIH e dos novos casos de sida (67%), entre 2008 e 2017.

“Não obstante esta tendência decrescente mantida, Portugal tem apresentado das mais elevadas taxas de novos casos de infeção VIH e Sida da Europa ocidental”, acrescenta o relatório, adiantando que as estimativas apontam que, em 2017, viviam em Portugal, 39.820 pessoas com infeção por VIH, 7,8% das quais não estavam diagnosticadas.

Os novos diagnósticos são maioritariamente homens: “Para cada caso de uma mulher há 2,5 casos de homens”, disse Helena Cortes Martins, adiantando que a taxa de diagnóstico mais elevada se registou no grupo etário 25-29 anos (23,8 casos por 105 habitantes).

Os distritos com as taxas mais elevadas de novos diagnósticos foram Lisboa, Coimbra e Setúbal, com 16,6 casos, 11,4 casos e 11 casos por 100 mil habitantes, respetivamente.

Dos 973 novos casos diagnosticados em 2018, 593 eram portugueses e os restantes de oriundos de outros países.

Em declarações à agência Lusa, a diretora do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida, Isabel Aldir, afirmou que “a trajetória do país em termos de novos diagnósticos de infeção por VIH se mantém positiva com cerca de 1.000 novos diagnósticos de infeção em 2018”.

Esta trajetória mantém as características habituais dos últimos anos: “infeções maioritariamente entre homens e adquiridas por via sexual e que se localizam nas grandes cidades”, disse a médica infeciologista.

Estamos a conseguir chegar cada vez mais às pessoas que vivem com infeção e a diagnosticá-las, mas ainda há uma franja da população que ainda não foi diagnosticada e, por isso, é preciso manter todos os esforços de rastreio e torná-los cada vez mais eficazes”, defendeu..

Na apresentação do relatório, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou que todos os ganhos no combate a esta doença só foram possíveis porque “há um trabalho em rede”.

É no conjunto desta estratégia e parcerias que o país atingiu resultados que não envergonham, mas vamos continuar a trabalhar em parceria para que esta situação ainda seja mais favorável”, disse Graça Freitas.

Os responsáveis saudaram o facto de 10 cidades já terem aderido à iniciativa “Cidades na via rápida para acabar com a epidemia de VIH”, nomeadamente: Lisboa, Porto, Cascais, Amadora, Sintra, Oeiras, Odivelas, Loures, Almada e Portimão

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