SNS dá “sinais de cansaço” e tem sistema “que não é amigo do cidadão” - TVI

SNS dá “sinais de cansaço” e tem sistema “que não é amigo do cidadão”

  • 18 jun 2019, 17:50
Hospital

Convenção Nacional rejeita SNS para pobres e gerido com base em preconceitos

A Convenção Nacional da Saúde concluiu hoje que o SNS “dá sinais de cansaço” e avisa que os portugueses “não podem ter listas de espera de anos” por consultas ou cirurgias, nem ter “enormes falhas de medicamentos”.

Portugal tem ao nível da saúde um “sistema que não é amigo do cidadão”, declarou Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos no discurso em que apresentou as conclusões da Convenção Nacional da Saúde, que hoje decorreu em Lisboa.

Os portugueses não podem ter listas de espera de anos por uma primeira consulta da especialidade ou cirurgia, não podem ter as enormes falhas de medicamentos que têm atualmente na nossa rede de farmácias, não podem esperar eternidades por tratamentos inovadores que podem fazer a diferença, não podem continuar a não ter cuidados continuados e paliativos para si e para os seus quando necessitam, que não só gera sofrimento e desesperança, mas sobrecarrega desnecessariamente as famílias e os cuidadores, exaustos e perdidos num sistema que não é amigo do cidadão”, afirmou.

Ana Paula Martins, apresentando as conclusões da Convenção, disse que se vive uma “época difícil e complexa”, sobretudo porque o Serviço Nacional de Saúde “dá sinais de cansaço depois de anos seguidos de resiliência e resistência dos profissionais, redução de horários de trabalho sem os consequentes planos de reorganização e incentivo à produtividade, sem a renovação das infraestruturas, sem autonomia na gestão, com falta de investimento planeado, sem reforço do capital humano ou aposta séria na prevenção”.

Foram “anos de impactos” em todos os agentes do sistema de saúde e “anos de desesperança, muitas vezes sem estabilidade ou previsibilidade” nas políticas.

Ao SNS é há muito tempo pedido que faça o possível e o impossível, que integre a inovação tecnológica e terapêutica sem financiamento adicional, que motive os profissionais sem sistemas de incentivo adequados e carreiras organizadas, que seja inclusivo e não deixe ninguém para trás, que seja porto de abrigo dos casos sociais, que assuma que o cidadão é o centro do sistema quando ao cidadão são vedadas as possibilidades de participação já constantes até na Lei”, declarou a bastonária dos Farmacêuticos.

Segundo o discurso com as conclusões da Convenção, o “SNS e o sistema de saúde não podem ser uma fonte de problemas para os portugueses”.

Não queremos viver presos ao passado porque já não somos, felizmente, esse país onde a esperança média de vida não ultrapassava os 69 anos e em cada 100.000 partos realizados morriam 43 mulheres”, lembrou.

Convenção rejeita SNS para pobres

A Convenção Nacional da Saúde rejeitou “um SNS para pobres”, mas também não quer um sistema gerido por preconceitos e sem avaliação transparente do que se faz no público, no privado e no social.

Não queremos um SNS para os pobres, porque isso seria o fim da universalidade, equidade e solidariedade como a conhecemos e idealizámos e marginalizaria no sistema os que, por via do rendimento, não podem exercer a sua liberdade de escolha”, afirmou a bastonária dos Farmacêuticos no discurso em que apresentou as conclusões da terceira reunião da Convenção Nacional da Saúde que hoje decorreu em Lisboa.

Nas conclusões, as cerca de 150 organizações de saúde que participaram na convenção rejeitam ser “geridas por preconceitos, conflitos de interesse, decisões pouco informadas e sem avaliação”.

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