Sobrevivência a cancros melhorou na última década no sul de Portugal - TVI

Sobrevivência a cancros melhorou na última década no sul de Portugal

  • 23 fev 2017, 00:37
Hospital

Tumores no cólon, reto e mama foram menos mortíferos entre 2000 e 2011. Estudo revela também que há maior incidência de cancros associados a maus hábitos alimentares

A sobrevivência ao cancro do cólon, reto e mama melhorou significativamente entre 2000 e 2011, segundo o relatório sobre a Incidência, Sobrevivência e Mortalidade de todos os tumores na população portuguesa adulta na região sul de Portugal.

Editado pelo Registo Oncológico Regional – Sul, que integra todas as instituições públicas de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Região Autónoma da Madeira, o estudo apresenta os resultados de 2010 e 2011 da incidência, sobrevivência e mortalidade por cancro.

A área abrangida pelo ROR-Sul representa cerca de 50% do território português e uma população anual média aproximada de 4,8 milhões de habitantes.

Segundo Ana Miranda, diretora do ROR-Sul, a sobrevivência ao cancro é “o indicador global da atuação dos serviços de saúde”.

Na comparação dessa década, e em relação ao tumor do cólon, cuja sobrevivência é baixa (ronda os 50%), foi registada uma melhoria da sobrevivência aos três anos que, nos mais novos, aumentou de 68% para 79%.

Para Ana Miranda, esta melhoria – que se esbate a partir dos 75 anos – deve-se à sua identificação em estadios mais precoces e também à melhoria da terapêutica.

O cancro do cólon passou, em 2010 e 2011, a ser o terceiro com maior incidência na zona sul do país.

Melhorias também noutros tumores

No tumor do reto, as melhorias globais foram “substanciais”, passando dos 54% para os 61% aos três anos.

A diferença ainda é melhor nos grupos mais jovens, passando dos 64% para os 78%”, adiantou Ana Miranda, ouvida pela agência Lusa.

Também no cancro da mama a sobrevivência melhorou, com Ana Miranda a considerar que será mesmo “muito difícil” melhorar estes valores.

Passámos de 84% para 87% aos três anos”, disse.

Já em relação ao cancro do pulmão, os dados de uma década não apontam para grandes diferenças em relação à sobrevivência, que “é muito pobre”, tendo apenas passado dos 12% para os 14% aos três anos.

Contudo, Ana Miranda está confiante que, “nos próximos anos, com a saída das novas moléculas”, a sobrevivência vá melhorar.

Para tal deverão igualmente contribuir as medidas legislativas contra o tabaco.

Segundo Ana Miranda, existem hoje muito menos fumadores passivos, o que deverá seguramente melhorar a taxa de sobrevivência a este cancro.

Preparação é necessária

Em relação ao relatório, a diretora do ROR-SUL sublinhou a necessidade dos serviços estarem preparados para o aumento do número de tumores.

Dentro de uma ou duas décadas, os casos de tumores vão ser ainda maiores”, frisou.

Os dados do ROR-Sul indicam que, em 2010, e por 100 mil habitantes, o cancro da tranqueia, brônquios e pulmões matou 1.839 pessoas, o do cólon 1.369 e o do estômago 921.

Em 2011, os tumores da traqueia, brônquios e pulmões foram responsáveis por 1.797 mortos por 100 mil habitantes, o do cólon por 1.335 e o do estômago por 1.008.

Já o cancro do cólon passou, nos anos de 2010 e 2011, a ser o terceiro com maior incidência na zona sul do país, confirmando os receios dos especialistas que há anos alertam para o crescimento deste tumor, associado a maus hábitos alimentares.

Cancro da mama mais frequente

Em 2010, registaram-se 23.603 novos casos de cancro na região sul do País, sendo o da mama o que teve uma maior incidência (3.247), seguindo-se o da próstata (2.808) e o do cólon (2.430).

Nesse ano, a taxa bruta de tumores malignos foi de 484,25 por 100 mil habitantes e a taxa padronizada europeia era de 353,53 por 100 mil. A taxa padronizada mundial situava-se nos 254,50 por 100 mil habitantes.

O cancro atingiu 12.853 homens, sendo o mais frequente o da próstata (2.808), o do cólon (1.393) e o da traqueia, brônquios e pulmão (1.385).

Nas mulheres, dos 10.750 cancros registados, 3.218 eram da mama, 1.037 do cólon e 564 da pele.

No ano seguinte, registaram-se 24.327 novos casos de cancro. A taxa bruta de tumores malignos foi de 497, 66 por 100 mil habitantes em 2011.

Nesse ano, a taxa padronizada europeia era de 355,99 por 100 mil, enquanto a taxa padronizada mundial situava-se nos 256,69 por 100 mil habitantes.

Os cancros com maior incidência foram, nesse ano de 2011, o da mama (3.420), o da próstata (2.828) e o do cólon (2.563).

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