«Superbactérias» são problema global - TVI

«Superbactérias» são problema global

Bactéria

Especialista defende que os Estados devem financiar pesquisa de antibióticos menos rentáveis

Relacionados
O director da Escola Nacional de Saúde Pública defendeu que os Estados devem contribuir com financiamento público para a pesquisa de antibióticos, medicamentos «menos rentáveis para as farmacêuticas, mas muito necessários».

Questionado pela Lusa sobre as maneiras de combater organismos como a «superbactéria» detectada em hospitais britânicos, considerada resistente a quase todos os antibióticos, Constantino Sakellarides afirmou que aquele é um problema «global», que não pode ser combatido por um só país.

«O Estado deve promover o financiamento público para incentivar a indústria a produzir medicamentos menos rentáveis mas muito necessários. Não se produziram ultimamente antibióticos novos. Na indústria farmacêutica, a produção [de antibióticos] rareia, porque são medicamentos que vão perdendo eficácia», afirmou o mestre em Epidemiologia.

O mau uso de antibióticos é uma prática «frequente na Europa», notou: «Quando os tratamentos com antibióticos são muito frequentes e se fazem de forma incompleta, as partes mais resistentes das bactérias prevalecem, e em vez de uma bactéria sensível a antibióticos, circula uma espécie mais resistente, isto para pôr as coisas de forma simples».

«Se os antibióticos são usados intensivamente e de forma incompleta, isso vai apurar os elementos mais resistentes» dos organismos infecciosos.

Constantino Sakellarides aludiu ao «turismo médico» como uma das formas de propagação de organismos como a «superbactéria»: «Os seguros pagam tratamentos na Índia e em Singapura, uma prática em franco crescimento que permite que sejam "importadas" bactérias muito resistentes de países onde também se usam mal os antibióticos».

De acordo com o estudo da revista britânica Lancet divulgado a semana passada, alguns dos 37 doentes isolados tinham viajado para a Índia e o Paquistão para fazer cirurgias plásticas.

A melhor maneira de conter infecções generalizadas provocadas por este tipo de bactérias resistentes a antibióticos é mesmo «o reconhecimento precoce e o isolamento», afirmou.

O que distingue a bactéria identificada no Reino Unido é a capacidade de adquirir genes capazes de produzir enzimas resistentes a antibióticos, segundo um comunicado da Direcção-Geral de Saúde (DGS) emitido esta semana.

A subdiretora-geral de Saúde, Graça Freitas, disse à Lusa que todos os hospitais portugueses estão preparados para «controlar infecções» com «procedimentos tipo» de vigilância e controlo, partilhados por estabelecimentos de saúde e laboratórios.
Continue a ler esta notícia

Relacionados