No programa “Discurso Direto” na TVI24 e numa reação à informação publicada esta terça-feira pelo Jornal de Notícias, José Manuel Silva lembrou que as equipas das viaturas médicas de emergência e reanimação (VMER) não foram criadas para fazer o chamado transporte secundário ou entre hospitais.
“O INEM foi criado para transportar as vítimas de doença súbita ou de acidente da rua para a urgência hospitalar. Eu trabalhei dez anos numa viatura médica e sei que, de facto, salva vidas. Salva vidas mesmo. E é importantíssimo. E portanto quando algum doente não é assistido atempadamente por uma viatura médica depois tenta-se mistificar dizendo que chegou lá uma ambulância passados x minutos… Uma ambulância não é uma não é a mesma coisa que uma viatura médica”, defendeu.
Para José Manuel Silva, a ambulância é importante, mas o que faz a grande diferença é a viatura médica com todos os conhecimentos do médico de rua. O bastonário não tem dúvidas em afirmar que são os cortes na saúde que estão a colocar em risco o socorro a doentes em casa ou nas ruas.
“São os cortes. Para poupar meios hospitalares no transporte secundário, porque o hospital teria que mobilizar uma ambulância medicalizada com equipa do hospital para transportar para outro hospital. Como as equipas das urgências foram reduzidas a baixo dos mínimos não há meios, então utilizam-se os meios do INEM para "poupar” à custa das pessoas”, explicou.
De acordo com dados fornecidos pelo INEM, e citados pelo Jornal de Notícias, os transportes inter-hospitalares com recurso a estas equipas aumentaram 30% nos últimos três anos. São números que preocupam os médicos e os enfermeiros.
Cada vez que uma equipa é chamada a transportar um doente de um hospital para outro deixa de estar disponível para responder a pedidos de emergência na área de influência do hospital onde está estacionada.
O aumento de transportes inter-hospitalares está essencialmente relacionado com a perda de valências dos hospitais mais pequenos que precisam de transferir doentes para os hospitais centrais.
Em 2015, as 42 equipas existentes no país fizeram 1732 transportes entre hospitais, contra os 1306 de 2013. O número é pouco expressivo comparado com o total de mais 95 mil serviços das VMER em 2014, mas é suficiente para preocupar quem anda no terreno e a Ordem dos Médicos.