Marinha destaca importância do uso de coletes salva-vidas - TVI

Marinha destaca importância do uso de coletes salva-vidas

Salva-vidas da marinha

Pescadores recusam usar coletes por serem «inoperacionais»

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A Marinha alertou, esta quarta-feira, os pescadores para a necessidade de seguirem rigorosamente as regras de segurança no mar e usarem equipamentos de salvamento, nomeadamente coletes salva-vidas. O aviso surgiu no dia em que ocorreram dois naufrágios.

Os naufrágios mais recentes foram «caracterizados pela não existência de transmissão de alertas de socorro pelas embarcações sinistradas e em que não foram utilizados os equipamentos de salvamento individuais e colectivos», alerta fonte da Marinha à Lusa.

As autoridades já contabilizaram, desde o início do ano, seis casos de naufrágios de «pequenas embarcações junto à costa portuguesa, de que resultaram cinco mortos e oito desaparecidos», afirma o porta-voz do Estado-maior da Armada, comandante João Barbosa.

Pescadores recusam usar coletes por serem «inoperacionais»

O presidente da associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar, José Festas, afirmou esta quarta-feira que os coletes salva-vidas são «completamente inoperacionais» para o trabalho dos pescadores.

«Pura e simplesmente, não se consegue trabalhar com eles vestidos e, por isso, ninguém os usa», explicou à Lusa.

A associação já apresentou uma candidatura ao programa «Promar», para dotar 4500 pescadores de fatos flutuantes e equipar 400 embarcações com equipamentos de salvamento, comunicações e ajuda à navegação, desde VHF até GPS, rádio-balizas e balsas salva-vidas.

«Estes equipamentos garantem uma segurança muito maior na faina, em caso de acidente. Com os fatos, muito práticos e maleáveis, ao passo que o outro equipamento permite saber imediatamente a sua localização e, assim, agilizar os meios de socorro. São muitas mortes que se poderão evitar», afirma José Festa.

O projecto está orçado em 4 milhões de euros e será financiado com 3,6 milhões, cabendo aos pescadores dividir entre si os restantes 400 mil euros.

«Fracos rendimentos empurram pescadores para o perigo»

O aumento de naufrágios de pequenas embarcações está relacionado com as dificuldades económicas que os pescadores enfrentam, de acordo João Lopes, presidente da Mútua dos Pescadores, entidade seguradora da classe.

«O estado de degradação da pesca empurra os pescadores para o perigo», afirma João Lopes à Lusa, justificando que «os homens fazem-se ao mar em condições perigosas e a sua frágil condição económica faz com que os pescadores evitem gastar dinheiro em seguros».

Num horizonte de 17 mil pescadores no activo, a mútua tem segurados entre 12 a 13 mil, parte estará segurada noutras companhias e cerca de 10 por cento dos pescadores não terão seguro de trabalho e de danos pessoais, obrigatório.

«Todos precisam de perceber que a vida dos pescadores é dura e difícil, que ganham cada vez menos, que não conseguem fazer face às suas despesas e que não têm outra hipótese senão ir à procura do perigo», justifica o presidente da Mútua dos Pescadores.
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