Houve mais de 340 médicos que ficaram sem acesso à especialidade médica, no concurso que terminou ontem, terça-feira. Trata-se de um aumento de 63% relativamente ao ano passado, segundo a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM).
A estes 347 médicos,juntam-se outros 266 clínicos que desistiram do concurso e que tentarão a candidatura no próximo ano, “agravando assim o problema da insuficiência de vagas para especialidade”, lê-se no comunicado da ANEM.
A associação destaca a “forma harmoniosa” como decorreu o processo de escolha de vagas, a publicação atempada do calendário para a escolha da área de especialização e do mapa final de vagas.
Também sublinha a divulgação online e em tempo real das vagas disponíveis a concurso pela plataforma desenvolvida pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.
A 31 e maio, foi divulgada uma lista pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), dando conta que quase um terço dos médicos recém-formados não conseguiu vaga para a sua especialização.
O mapa definitivo de vagas confirma assim o aumento do número de clínicos impedidos de terminar a especialidade que escolheram.
O total de vagas foi de 1.758, das quais 1.252 hospitalares, 462 para medicina geral e familiar e 44 de saúde pública.
Para estas vagas existiam 2.466 jovens médicos. Contas feitas, de fora estão 708, perto de um terço dos candidatos.
Governo abre concursos para médicos assistentes graduados seniores e consultores
O ministro da Saúde anunciou esta quarta-feira a abertura do concurso para assistentes graduados seniores e consultores, classificação que a tutela acredita motivar os profissionais mais velhos e com maior formação para permanecerem no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Adalberto Campos Fernandes falava na Comissão Parlamentar da Saúde onde decorre uma audição sobre a política geral de saúde e outros assuntos de atualidade, como os jovens médicos que anualmente ficam sem acesso à formação especializada.
Para o ministro, os concursos deverão ser abertos até setembro e deverão evitar “o que está a acontecer”, que é a saída de médicos para o setor privado, as reformas e a emigração destes profissionais.
A medida deverá ter, segundo o governante, outra consequência: levar a Ordem dos Médicos a ponderar o alargamento das vagas para a sua especialização, tendo em conta que este ano voltaram a ser insuficientes.
Sobre esta questão, Adalberto Campos Fernandes referiu que o Governo está “disponível para encontrar uma solução com todos os partidos políticos”.
O ministro voltou a defender uma auditoria, em conjunto com a Ordem dos Médicos, no sentido de avaliar se o país tem ou não na sua rede pública, privada e social alguma capacidade sobrante, com qualidade, a qual, a existir, poderia levar a Ordem a aumentar a capacidade formativa.
Por outro lado, preconizou que sejam as próprias universidades a refletir se o número de alunos que estão a formar garante a qualidade da sua formação.
Adalberto Campos Fernandes anunciou ainda que no próximo concurso para a formação específica dos médicos estarão indicadas as vagas que pressupõem incentivos a estes profissionais, com vista a colmatar a carência de clínicos em determinadas zonas do país, que incluem uma majoração de 40% do vencimento.
Sobre a falta de médicos, o responsável governamental referiu que esta é mais significativa nos especialistas com idades entre os 50 e os 60 anos, sublinhando que se encontram a trabalhar 314 clínicos aposentados no SNS.