Um quarto dos detidos tem doenças infecto-contagiosas - TVI

Um quarto dos detidos tem doenças infecto-contagiosas

Prisão (arquivo)

Número foi revelado pelos Serviços Prisionais que, mesmo assim, ressalvam decréscimo do valor

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Um quarto da população prisional tinha em 2008 doenças infecto-contagiosas, apesar deste número ter vindo a decrescer, revelou à Lusa o subdirector-geral dos Serviços Prisionais.

Em 31 de Dezembro de 2008, existiam 2.643 reclusos com patologias infecciosas, incluindo tuberculose, sida e hepatite, o que corresponde a 24,8 por cento do total da população prisional, adiantou José Ricardo Nunes, em entrevista à Agência Lusa.

«É um número muito elevado, que tem vindo a baixar, mas não tão abruptamente como nós gostaríamos», disse o responsável, lembrando que a população prisional tem «especial carências e vulnerabilidades».

José Ricardo salientou que muita dessa população é desfavorecida, oriunda de estratos sociais económicos baixos e com fraco acesso à prestação de cuidados de saúde.

População de risco

«É também uma população de risco ao nível das doenças infecciosas, tanto por questões de hábitos de educação, como também de outros factores de risco acrescido relacionadas, por exemplo, com as toxicodependências», acrescentou.

Os doentes encontram respostas nos serviços prisionais e, segundo José Ricardo, tem vindo a aumentar o número de reclusos que fazem terapêuticas ao nível das doenças infecciosas, designadamente do Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH).

Há reclusos que chegam doentes e nem sabem que sofrem destas patologias, tendo o primeiro contacto com os serviços de saúde na prisão.

«Esse é o papel ingrato do sistema prisional, porque é a última paragem, mas também grato porque há uma oportunidade destas pessoas terem acesso aos cuidados de saúde», sublinhou.

«Lidar com a doença nunca é fácil»

Sobre a adesão dos doentes ao tratamento, o responsável comentou que «lidar com a doença nunca é fácil, mas num contexto de privação de liberdade é sempre mais difícil», mas os técnicos estão preparados para lidar com esta situação.

Questionado pela Lusa sobre a capacidade de resposta dos serviços a esta situação, adiantou que têm sido capazes de detectar os casos e de intervir para tratamento.

José Ricardo Nunes sublinhou ainda que os estabelecimentos prisionais são instituições fechadas, o que poderá propiciar uma maior transmissão da doença, e que é preciso prevenir estas situações.

Para isso, são realizadas acções de prevenção. Em 2008 foram realizados 155 projectos em que participaram cerca de 1.600 reclusos.

É pretensão dos Serviços Prisionais criar um manual de procedimento com normas clínicas de tratamento e da prestação de cuidados de saúde, com especial enfoque na questão das doenças infecciosas, para «padronizar a intervenção e garantir que as pessoas tenham um tratamento adequado».

«Há sempre muito para fazer, nomeadamente a nível do rastreio e da promoção de maiores índices de tratamento», disse José Ricardo, adiantando que nesta missão contam com o apoio do Serviço Nacional de Saúde.
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