Mangualde: 17 anos de cadeia para luso-americano acusado de extorsão - TVI

Mangualde: 17 anos de cadeia para luso-americano acusado de extorsão

Tio de Allan Sharif foi condenado a 12 anos

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Última actualização às 20:45

O luso-americano Allan Guedes Sharif foi condenado esta sexta-feira pelo Tribunal de Mangualde a 17 anos de prisão efectiva. Em causa estão crimes de burla qualificada, extorsão e branqueamento de capital que lesaram instituições financeiras de vários países.

De acordo com a agência Lusa, do grupo de oito arguidos deste processo, que começou a ser julgado em Janeiro deste ano, apenas foi condenado também a prisão efectiva o tio de Allan Sharif, José Guedes, na pena única de 12 anos, pelos mesmos crimes.

No total, Allan Sharif e seu tio José Guedes cometeram 10 crimes de burla qualificada, nalguns dos casos em co-autoria com os filhos e o genro deste e um amigo da família, Horácio Sousa. Quanto aos 17 crimes de extorsão cometidos, apenas ficou provado o envolvimento do sobrinho e do tio.

Os filhos de José Guedes Nuno, Marisa, Carla e o seu marido Carlos Oliveira foram condenados a um ano e três meses de prisão suspensos por igual período, enquanto à filha Cláudia o tribunal aplicou, em cúmulo jurídico, uma pena de três anos e oito meses de prisão suspensa, mas sob regime de prova. Horácio Sousa foi condenado a três anos de prisão suspensa.

Uma vez que não houve apresentação de queixa, todos os arguidos foram também condenados a pagar ao Estado, solidariamente, 193.278 euros. Allan Sharif terá ainda de pagar ao Estado 96.050 euros e José Guedes 171.661 euros.

O tribunal considerou que os arguidos «não colaboraram de forma à descoberta da verdade», uma vez que José Guedes e Horácio Sousa não prestaram depoimento e os restantes «se limitaram à confissão dos factos já evidenciados por outros meios de prova».

«Não há uma única prova directa»

Em declarações aos jornalistas, Pedro Melo, o advogado de Allan Sharif considerou que, «tendo em conta o que se passou ao longo das várias sessões», a pena do seu cliente foi «demasiado excessiva».

«O acórdão é demasiado extenso, foi lido de forma resumida, vamos analisá-lo», afirmou, garantindo, no entanto, que o recurso é certo.

A mesma certeza deixou Noémia Correia Pires, advogada de defesa da família Guedes, que se mostrou indignada com as penas, porque «não há uma única prova directa» que tivesse sido provada durante o julgamento.

«Esta gente estava condenada antes de os senhores juízes saírem do gabinete. E começaram a ser condenados em fase de inquérito, quando se ouviram 32 testemunhas para memória futura», frisou.

Por isso, considera que «este julgamento só tem um destino, que é a nulidade», indo recorre com o objectivo de pedir a sua anulação.

Noémia Pires reiterou a acusação de que foram «sonegadas todas as provas» ao seu cliente José Guedes, aludindo a uma pasta preta que foi muito falada durante o julgamento.

«A PJ tem-lhe retido os documentos que levou da casa dele, a tal pasta preta com documentos como consta no processo», frisou.

Os elementos do grupo lesaram empresas e instituições financeiras de vários países, nomeadamente nos Estados Unidos da América (EUA).

Durante o julgamento, Allan Sharif admitiu ter burlado instituições financeiras de vários países, através de um sistema de transferências monetárias, mas negou que familiares seus estivessem envolvidos no esquema, alegando que os restantes arguidos apenas fizeram levantamentos das transferências porque estavam convencidos de que o dinheiro era resultante da venda de uma quinta de José Guedes.
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