Médicos: adesão à greve "maior" do que em protestos anteriores - TVI

Médicos: adesão à greve "maior" do que em protestos anteriores

  • AR - Notícia atualizada às 13:15
  • 8 nov 2017, 11:50

Sem avançar com percentagens específicas de adesão, sindicatos dizem que são "muitos" os hospitais com salas fechadas, em alguns casos na totalidade. Ministro da Saúde acredita em consenso até final do ano

Os sindicatos médicos que promovem a greve que decorre desde as 00:00 desta quarta-feira revelaram que a adesão ao protesto é maior do que a registada nos anteriores e mostraram-se disponíveis a novas formas de luta.

Frente ao hospital de São José, em Lisboa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, sublinhou a "forte adesão" destes profissionais, a qual espelha "o descontentamento" da classe.

Sem avançar com percentagens específicas de adesão a esta greve, o sindicalista disse que são "muitos" os hospitais com salas fechadas, em alguns casos na totalidade, como no caso de São José, disse.

Também nas consultas a adesão deverá ser superior a 70%.

Jorge Roque da Cunha voltou a lembrar que os médicos apenas pretendem que o ministério os deixe trabalhar mais, colocando no topo das reivindicações a devolução do que foi retirado a esta classe aquando do programa de ajustamento da ‘troika’ em Portugal.

O médico referiu que, entre as unidades de saúde com salas fechadas devido à greve, contam-se o Hospital de São José, o Curry Cabral, em Lisboa, mas também o São João (Porto), em Matosinhos e o Universitário de Coimbra.

Em termos hospitalares e blocos há uma expressão maior desta greve, sinal claro que os médicos estão descontentes e exigem do ministro da Saúde mais seriedade negocial”, lamentando a ausência de “qualquer contraproposta” da parte da tutela.

Aos doentes afetados pela greve, Jorge Roque da Cunha dirigiu-lhes uma palavra de conforto, nomeadamente “os que vêm de longe”, sublinhando que as consultas serão depois remarcadas.

Guida da Ponte, da comissão executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), adiantou mais alguns dados da adesão à greve que se situa entre os 75 a 100% na maior parte das consultas externas nos hospitais e em 100% em vários blocos.

Para a dirigente sindical, esta greve é diferente na adesão expressa, a qual é “bastante sugestiva” do tempo que se vive e do “descontentamento” da classe.

O ministro da Saúde terá de refletir sobre o que leva os médicos a uma greve maciça”, disse, lamentando que a tutela esteja há dois meses sem contactar os sindicatos.

Apesar de garantir que o Ministério da Saúde “pode contar” com estas estruturas sindicais, Jorge Roque da Cunha não descarta novas e mais duras formas de luta.

Apesar da pouca seriedade negocial pelo Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças, estamos a crer que mudarão de atitude depois de verem os dados da adesão de hoje”, disse.

O médico deixou, contudo, um aviso: “Caso isso não aconteça, infelizmente teremos de endurecer as formas de luta”.

“Custa-nos fazer a greve, mas esperemos que ele [o ministro da Saúde] perceba que esta perturbação a ele será alocada”, adiantou.

Entretanto, Mário Jorge Neves, dirigente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) que, juntamente com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), convocou a greve destes profissionais anunciou esta quarta-feira que até ao final do ano existirão novos dados reivindicativos e novas movimentações, os quais poderão significar “uma nova e mais alargada greve médica”.

Mário Jorge Neves falava aos jornalistas junto ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Tal como o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, o dirigente da FNAM sublinhou a “forte adesão” dos médicos à greve, que se expressa em vários casos pelo encerramento total das salas e o adiamento de consultas.

De acordo com Mário Jorge Neves, os próximos passos do processo reivindicativo dos médicos vai ser definido ainda esta quarta-feira, numa reunião entre os promotores da greve que irão ainda fazer um balanço do protesto.

A definição dos próximos passos destes sindicais vai acontecer num pressuposto: “Não desistiremos de lutar pela dignidade dos médicos”, disse o dirigente da FNAM.

Encerrado bloco operatório do hospital de São João, no Porto

O bloco operatório do hospital de S. João, no Porto, está encerrado devido à greve dos médicos, que está a ter uma “adesão elevada”, disse à agência Lusa Merlinde Madureira, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

A vice-presidente da FNAM referiu que nas consultas externas do hospital de São João, “mais de metade” dos médicos aderiu ao protesto, assim como no internamento.

Merlinde Madureira disse que “ainda estão a ser recolhidos” os dados nos restantes hospitais e centros de saúde, pelo que “só mais tarde” haverá números concretos em relação à adesão na região Norte.

Consultas e algumas cirurgias adiadas no Hospital de Aveiro

A greve dos médicos causou hoje de manhã o cancelamento de muitas consultas e algumas cirurgias programadas no hospital de Aveiro, com alguns utentes a manifestarem o seu descontentamento.

Sandra Fernandes, de 40 anos, que veio de Águeda com o seu filho de 15 meses, para uma consulta de pediatria, desconhecia que havia uma greve em curso.

"Está mal feito, porque deviam ao menos de ligar para as pessoas a avisar que havia greve. É um transtorno, porque já não vou trabalhar na parte da manhã e o garoto já não vai para a creche", contou.

Já Maria La Salette de 78 anos, da Gafanha da Nazaré, diz que tinha conhecimento da greve dos médicos, mas mesmo assim decidiu ir ao hospital para remarcar a consulta de anestesiologia.

Apesar do transtorno para os utentes, reconhece o direito à greve por parte destes profissionais. "Acho que eles também têm direito, assim como nós tínhamos", disse.

Opinião diferente tem Emílio Ribeiro, de 73 anos, que também viu a sua consulta de urologia adiada por falta de médico.

"Há profissões que não deviam fazer greve, porque isto causa muitos transtornos. Se fosse um familiar do médico ele queria que fosse atendido", disse.

Melhor sorte teve Carlos Tavares, de 79 anos, de Albergaria-a-Velha, que acompanhou a esposa para uma consulta de hematologia.

"Telefonei para cá e acabaram por me informar que podia vir, porque o doutor estava cá", disse.

Utentes lamentam transtornos e adiamento de consultas em Vila Real

A greve dos médicos cancelou consultas e causou alguns transtornos esta quarta-feira em Vila Real, onde utentes se queixaram de deslocações propositadas de outros concelhos ou de elevadas despesas em táxi.

O cancelamento de consultas foi precisamente o efeito mais visível da greve dos médicos no hospital e centros de saúde de Vila Real, embora muitas outras consultas tenham também decorrido com normalidade.

Ao início da manhã, o cenário na unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) era igual ao de outros dias: parque de estacionamento cheio e salas de espera também com muitos utentes, sentados ou em pé.

Armando Felizardo Fernandes veio de propósito de Vila Pouca de Aguiar para a consulta que tinha agendada no hospital, mas ao chegar deparou-se com o facto de o seu médico ter aderido à greve.

“Não sabia de nada. Pusemo-nos a pé às 06:00 para vir a esta consulta de controlo de sangue que tenho todos os meses. Agora, ficou marcada para sexta-feira”, afirmou.

Maria do Espírito Santo Pinto veio da aldeia de Nogueira, no concelho de Vila Real, para uma consulta.

“Paguei 15 euros de carro para vir hoje, aconteceu isto e tenho que vir cá outra vez na sexta-feira. Causou muitos transtornos, sou uma mulher doente e faz-me falta o dinheiro”, contou.

Dina de Jesus acompanhou o marido ao hospital para uma consulta de cirurgia que já estava marcada desde junho. “Chegamos aqui e informaram-nos que o médico está de greve, não sei é em geral tudo ou se é só alguns. A sala de espera está cheia”, afirmou aos jornalistas.

Se soubesse que hoje era dia de greve, Dina teria ficado em casa, até porque a manhã estava “muito fria” na cidade transmontana.

Maria Isabel Basílio também teve de reagendar a consulta de oncologia. “Estava à espera de ser chamada e disseram-me para vir embora e que depois me mandariam uma carta para casa. Só lá dentro é que soube que havia greve e bem que podiam ter avisado mais cedo”, lamentou.

Já a consulta que o pai de Natália Gonçalves tinha marcada para hoje decorreu com toda a normalidade. “Fez ontem (terça-feira) uma cirurgia às cataratas e hoje tinha que ser visto. Correu tudo bem, sem atrasos nem nada”, referiu.

No centro de saúde de Mateus, em Vila Real, Manuel Catalão foi atendido pelo médico de família, na consulta e ainda levou a vacina contra a gripe.

“A mim parece-me um dia normal lá dentro”, salientou.

Já Manuel Correia lamentou não ter sido avisado da greve que levou ao adiamento da consulta que estava marcada pelo menos há meses.

“Agora, amanhã vem uma pessoa da aldeia de Fonteita outra vez atrás do médico. Isto é complicado, perde-se tempo, gasta-se gasóleo e anda-se de carra para trás e para diante.

Utentes queixam-se de dia “perdido” no Hospital Universitário de Coimbra

Vários utentes saíram hoje dos Hospitais da Universidade de Coimbra a lamentar o adiamento de consultas face à greve dos médicos, falando de um dia "perdido" e "estragado", ao contrário de outros que falam de um dia "normal".

Adelino Pipa, de 67 anos, veio hoje "à sorte" de Ourém para a consulta que tinha marcada de oftalmologia, sabendo de antemão da possibilidade de não ter consulta devido à greve nacional dos médicos convocada para hoje.

"Correu tudo bem, mas muitos médicos não estavam lá. Houve muita gente que se veio embora", disse à agência Lusa o utente, contando que algumas pessoas se queixaram de andar 200 quilómetros para não ter consulta.

Vitória Costa saiu do hospital com ar desolado. Tinha uma consulta de otorrino marcada há três meses e saiu hoje às 09:00 de Penacova para o hospital, em Coimbra.

A mulher de 65 anos não sabia que havia greve e lamenta, acima de tudo, o dinheiro (que "é muito pouco") que teve de gastar no transporte.

"Para mim, estragou-me o dia. Gastei o dinheiro que não tenho [no transporte]", sublinhou também Fernanda Carmo, de 64 anos, que saiu de Sangalhos, concelho de Anadia, para a consulta que acabou por não ter.

Já José Fernandes conseguiu ser atendido em oftalmologia, mas notou que outras duas pessoas tiveram que voltar para trás.

"Correu tudo bem. Foi um dia normal. É como se não houvesse greve", nota Adérito Pardal, que esteve no serviço de hematologia.

Já Nelson Midões, apesar de não ter sentido o efeito da greve, notou muito "menos movimento" junto do hospital.

"Isto normalmente é o caos e hoje até se anda com mais facilidade do que é normal", constatou.

Adesão de 92% no Alentejo adia consultas e cirurgias 

Cirurgias e consultas adiadas em hospitais e centros de saúde são os efeitos da greve nacional de médicos de hoje no Alentejo, com uma adesão de 92% e "superior" à registada na anterior, segundo fonte sindical.

Na região do Alentejo, a adesão à greve de hoje é de “92% e superior" à registada na anterior, que decorreu no dia 26 de outubro, disse à agência Lusa o secretário regional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Armindo Sousa Ribeiro.

Segundo o também médico, a adesão à greve nos hospitais e centros de saúde do Alentejo está a provocar, sobretudo, adiamento de consultas e cirurgias e situa-se nos 78% no distrito de Beja, nos 83% no distrito de Évora, nos 89% no distrito de Portalegre e nos 92% no litoral alentejano.

No hospital do litoral alentejano, situado em Santiago do Cacém, só uma das três salas do bloco operatório está a funcionar e o serviço de consultas externas está a ser "afetado" e, por isso, várias cirurgias e consultas foram adiadas, disse Armindo Sousa Ribeiro.

No hospital de Évora, várias consultas externas e cirurgias foram adiadas e só duas das cinco salas do bloco operatório estão a funcionar, precisou.

O mesmo cenário repete-se no hospital de Portalegre, onde apenas duas das três salas do bloco operatório estão a funcionar e várias cirurgias e consultas foram adiadas, disse.

Apesar de a adesão à greve de hoje ser superior à registada na anterior, há mais salas de bloco operatório a funcionar nos hospitais de Évora e Portalegre porque estão "a recorrer a médicos tarefeiros" para a realização de cirurgias, disse Armindo Sousa Ribeiro.

O hospital de Beja é o único do Alentejo com o bloco operatório a funcionar normalmente e, por isso, não houve adiamento de cirurgias devido à greve, indicou à Lusa a delegada distrital de Beja do SIM, Luísa Guerreiro.

Segundo a também médica, "só três médicos fizeram greve" no serviço de consultas externas do hospital de Beja, o que provocou o adiamento de algumas consultas.

A Lusa contactou os conselhos de administração do hospital de Évora e das unidades locais de saúde do Baixo Alentejo, do Norte Alentejano e do Litoral Alentejo, os quais, através de fontes oficiais, remeteram a prestação de dados sobre a adesão à greve para o Ministério da Saúde.

Adesão ronda os 80% nas unidades de saúde do Algarve

A greve dos médicos está a ter uma adesão de cerca de 80% nos hospitais e centros de saúde do Algarve, sobretudo nas cirurgias programadas e nas consultas, disse à Lusa fonte da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

A paralisação está a afetar o funcionamento dos blocos operatórios nos hospitais de Faro e de Portimão, com cirurgias adiadas, bem como as consultas externas nos hospitais e centros de saúde”, disse à Lusa Margarida Agostinho da FNAM.

Apesar de ainda não ter conseguido reunir dados concretos acerca do número de consultas, internamentos cancelados e cirurgias adiadas, aquela responsável sublinhou que há uma adesão "muito elevada" dos médicos que provocou a paralisação de especialidades como a Cirurgia e a Cardiologia.

Margarida Agostinho frisou que a greve dos médicos “é um sinal do descontentamento com as condições, cada vez mais degradantes do Serviço Nacional de Saúde, daí ser natural a elevada adesão” dos clínicos.

No hospital de Portimão, nas consultas externas o ambiente na sala de espera era o de um dia normal, embora vários utentes fossem confrontados com a desmarcação e reagendamento de consultas, lamentando que “o tempo perdido com a deslocação” à unidade de saúde.

Marta Ferreira, de 73 anos, considerou que a paralisação dos médicos “causa grandes transtornos a quem precisa de cuidados de saúde, e só prejudica os doentes”.

É lamentável e inadmissível que os doentes sejam os grandes prejudicados. Os médicos não estão a ter respeito pelas pessoas que mais precisam de cuidados”, destacou.

O cancelamento de consultas foi também o efeito mais visível da greve dos médicos no hospital de Faro, embora algumas consultas tenham decorrido com normalidade.

Segundo Margarida Agostinho da FNAM, das 820 consultas previstas, apenas se terão realizados cerca de 140.

Adesão ronda os 75% na Madeira

 A adesão à greve nacional dos médicos de hoje na Região Autónoma da Madeira ronda os 75% ao nível hospitalar, informou o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), realçando que esta percentagem não inclui os centros de saúde.

A estimativa global, com os dados que dispomos, aponta para uma adesão de 75% à greve", disse a dirigente sindical Lídia Ferreira, sublinhando que esta percentagem deverá manter-se até ao final do dia, embora também diga que nos turnos da tarde costuma haver mais adesão.

A sindicalista indicou que os serviços de cirurgia de ambulatório, a reabilitação e várias especialidades no Hospital Central do Funchal registaram uma adesão de 100%, ao passo que nas Consultas Externas atingiu os 30%, havendo, no entanto, a previsão de subir para os 50% na parte da tarde.

Num sistema democrático, tudo o que esteja acima de metade deve ser motivo de atenção, pois a maioria está a dizer que temos de fazer algo", disse Lídia Ferreira, vincando que os médicos "estão a ser permanentemente discriminados" de forma negativa.

Os números divulgados pelo SIM não incluem dados sobre a adesão à greve nos centros de saúde.

A Agência Lusa contactou o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM), mas até ao momento não foi possível obter qualquer informação sobre a paralisação dos médicos, que não gerou ainda quaisquer protestos por parte dos utentes.

Algumas consultas adiadas, mas normalidade em Ponta Delgada

A greve dos médicos não provocou grandes impactos hoje no Hospital e no Centro de Saúde de Ponta Delgada, nos Açores, onde muitas consultas decorreram com normalidade, embora uma ou outra tenha sido cancelada.

A utente Normanda Sousa deslocou-se propositadamente de Capelas à cidade de Ponta Delgada, onde tinha agendada uma consulta de endocrinologia, mas que acabou por ser desmarcada devido à greve.

“Não sabia que havia greve. Não vi as notícias. Agora informaram-se que a consulta vai ser remarcada”, afirmou em declarações à agência Lusa, considerando que os utentes deviam ser previamente avisados, apesar de reconhecer que a greve "é um direito".

Também Graça Costa viu a consulta de endocrinologia, para a qual a filha estava marcada para hoje, ser cancelada devido à paralisação dos médicos.

Ainda assim, alguns utentes da maior unidade de saúde dos Açores foram atendidos, como foi o caso de Maria Soares, residente nas Capelas.

"Tive consulta de otorrinolaringologia. Mas, não sabia que havia greve", sustentou.

Maria Bizarro também viu a sua consulta "aos rins" ser realizada, mas afirmou que desconhecia que os médicos estavam hoje em greve.

Acompanhando o filho para uma consulta na área da cirurgia, Sandra Vieira, de Vila Franca do Campo, disse que estava a par da greve dos médicos, mas mesmo assim deslocou-se até ao Hospital de Ponta Delgada e "a consulta foi realizada".

Da mesma forma, Laudalina Mota veio acompanhar a filha a uma consulta no Centro de Saúde de Ponta Delgada.

"Tivemos a consulta na hora certa", sublinhou, enquanto Leonilde Bento, utente do Livramento, garantiu ter tido uma consulta de psicologia no Centro de Saúde de Ponta Delgada.

Da Fajã de Baixo, Vera Ávila veio ao Centro de Saúde para "uma consulta de rotina" com a filha, assegurando que foi atendida "à hora".

Fonte da secretaria regional da Saúde disse à Lusa que os dados apurados até às 11:35 locais (mais uma hora em Lisboa) apontam para uma adesão à greve de 33% no global da região, sendo 35% nos hospitais e 22% nos centros de saúde, apesar de ainda estarem por apurar os números de algumas unidades de saúde do arquipélago.

Governo acredita em consenso com sindicatos até final do ano

O Ministério da Saúde acredita que, até ao final do ano, chegará a um consenso com os sindicatos médicos, que hoje cumprem a segunda greve geral deste ano.

Há um permanente diálogo, mas temos dois aspetos que ainda não estão fechados", disse o ministro da Saúde sobre as negociações com os médicos, recordando que falta chegar a acordo sobre a redução das listas de doentes por médicos de família e sobre a redução das horas em urgências.

Adalberto Campos Fernandes esclareceu que uma redução de utentes por médicos, de 1.900 para 1.500, poria em causa o compromisso de dar um médico de família a todos os portugueses até final da legislatura.

Apesar da greve acredito que há condições para que, até final do ano, haja o consenso possível", declarou o governante aos jornalistas, à margem do primeiro fórum do Conselho Nacional de Saúde que hoje decorre em Lisboa.

Os médicos de todo o país estão desde as 00:00 de hoje em greve, um dia de paralisação nacional que se segue a greves regionais nas últimas semanas.

A greve é marcada pelos dois sindicatos médicos, que se dizem “empurrados para o mais forte grito de protesto”, depois de um ano de “reuniões infrutíferas no Ministério da Saúde”.

Num comunicado divulgado pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), os sindicalistas consideram que o ministro da saúde “não foi sensível aos problemas” dos profissionais nem aos problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Os sindicatos pretendem uma redução das listas de utentes por médicos de família e uma redução de 18 para 12 horas semanais no serviço de urgência.

É ainda reclamada uma reformulação dos incentivos à fixação em zonas carenciadas, uma revisão da carreira médica e respetivas grelhas salariais e a diminuição da idade da reforma para os médicos, entre outras medidas.

A greve nacional de médicos, decretada pelo SIM e pela Federação Nacional de Médicos (FNAM) deve afetar consultas e cirurgias programadas, mas estão assegurados os serviços mínimos, como urgências, quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia ou cuidados paliativos em internamento.

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