Saúde: “Anterior ministro viveu num estado de negação permanente” - TVI

Saúde: “Anterior ministro viveu num estado de negação permanente”

Economista da saúde, António Leal Lopes, em entrevista na TVI24 sobre caso da morte de um jovem, alegadamente por falta de médicos especialistas, no Hospital de S. José, em Lisboa

António Lopes Leal, economista da saúde e especialista em saúde pública, culpou esta quarta-feira o anterior ministro da Saúde, Paulo Macedo, pelo caso da morte de um jovem, alegadamente por falta de médicos especialistas, no hospital de São José, em Lisboa. Em entrevista na TVI24, Lopes Leal considerou que o ex-governante ocultou a verdade e é o principal responsável pelo estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde em Portugal.

“O anterior Governo e o anterior ministro viveu num estado de negação permanente ocultando a verdade. E diante das informações que lhe eram feitas chegar, relativamente ao funcionamento e à reestruturação das urgências, nunca tomou posições claras sobre isto”, acusou.

“O [anterior] ministro da Saúde adotou um critério de cortes cegos, sem rei nem roque, sem qualquer justificação e é o principal responsável, quanto a mim, pelo estado a que chegou o Serviço Nacional de Saúde em Portugal”, acrescentou.


Para o especialista, o que se passou no hospital de São José é “perfeitamente inaceitável”. António Lopes Leal defendeu que os serviços de neurocirurgia e, por exemplo, a unidade de queimados têm que existir ao nível dos hospitais centrais 24 horas por dia, de segunda a domingo. E esse é um dado inquestionável.

“E não venham agora com desculpas de remuneração dos médicos porque os médicos trabalham se forem devidamente remunerados. Os médicos são responsáveis e deram provas sobejas disso em Portugal relativamente à situação com que foram confrontados”, realçou.

“O serviço de neurorradiologia foi desativado há dois anos e é absolutamente inaceitável que, ao nível de uma estrutura de um hospital central, possa haver serviços de neurocirurgia que não tenham uma ocupação completa e permanente durante as 24 horas do dia. Isto é inaceitável seja qual for a razão”,acrescentou.

António Lopes Leal considerou que o novo titular da pasta da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, tem de reavaliar com urgência a reforma das urgências em Portugal.

“Neste momento, naturalmente que este problema vai ter que ser resolvido por este Governo, até porque temos um ministro que tem uma experiência hospitalar assinalável, fez grandes reformas em Santa Maria, conhece perfeitamente o setor e está muito bem acompanhado por uma equipa que pode transformar esta realidade”, elogiou. 
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