Armindo Castro «confessou crime para livrar a mãe» - TVI

Armindo Castro «confessou crime para livrar a mãe»

Jovem estudante chegou a confessar ter morto a tia quando, no dia em que foi detido, fez uma reconstituição com a Polícia Judiciária. À TVI, o advogado de Armindo Castro explicou que o jovem queria «livrar a mãe» que também era suspeita e estava detida. Odete Castro, morta em casa, pode afinal ter sido assassinada por outro homem que também já confessou

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Armindo Castro vive na prisão há mais de dois anos: paga, no fundo, o preço de um crime que diz não ter cometido. Mas que um dia chegou a admitir.

 

No dia em que foi detido, Armindo foi levado pela Polícia Judiciária ao local do crime. Foi lá que descreveu como tudo aconteceu e que admitiu ter empurrado a tia, Odete Castro, causando-lhe a morte. A confissão de Armindo tinha um motivo: ilibar a mãe, também detida pela Polícia Judiciária, de ir presa pela morte da tia.

 

«Quando o meu cliente foi detido, foi detida também a mãe, foram feitas buscas em casa do arguido e em casa da mãe. Inicialmente foi confrontado com a ideia de que também a mãe eventualmente seria suspeita. A confissão dele foi no sentido: eu quero livrar a minha mãe desta situação», disse à TVI, Paulo Gomes, advogado de Armindo Castro.

 

Armindo viu esta quarta-feira uma nova esperança no processo que o condenou primeiro a 20 e depois a doze anos de prisão: um outro homem confessou ter assassinado a tia, de 73 anos. Odete Castro foi encontrada morta dentro da própria casa e Armindo foi preso e condenado pelo Tribunal de Famalicão. Mas poderá, afinal, este crime ter levado um inocente à prisão?

 

Armindo tem hoje 29 anos. Antes de passar os últimos dois anos na prisão era estudante universitário de criminologia. Em junho de 2012, viu a vida levar uma volta quando a Polícia Judiciária o prendeu dois meses depois de ter, como ficou provado em tribunal, morto a tia. As relações familiares nunca foram facéis e a última discussão com a idosa teria terminado da pior forma.
 

Odete Castro foi morta a 29 de março de 2012 dentro de casa. Apesar de ter duas filhas, o corpo da idosa só foi descoberto 15 dias depois do crime, por uma vizinha que estranhou a ausência. Chamada a Polícia Judiciária, começa a investigação que ouviu várias testemunhas, mas não deteve de imediato nenhum suspeito.

 

Armindo continou a fazer «vida normal», segundo atesta a página de Facebook que ainda mantém (apesar de estar inativa desde 12 de junho de 2012). No dia seguinte ao crime, continou a fazer posts e a conversar com os amigos nos comentários. Mas entre a data do crime e a detenção, Armindo terá feito um levantamento numa caixa ATM com um cartão multibanco que pertencia à tia. A PJ seguiu a pista e o sobrinho da vítima foi de imediato detido.

 

Armindo Castro aceita então participar na reconstituição do crime. O vídeo em que admite que empurrou a tia, o que a levaria à morte, foi gravado pela Polícia Judiciária e divulgado pelo «Correio da Manhã». Nas imagens, gravadas no local do crime, Armindo está sem o advogado e conta que discutiu com a idosa, adiantando que se sentiu revoltado com as afirmações de que a mãe dele seria uma «mulher da vida» e que «só queria dinheiro».

 

Armindo conta depois que tentou sair de casa e que foi barrado pela tia. Terá sido nessa altura que a empurrou, provocando-lhe a queda que a levaria à morte. «Pensei mesmo que ela estivesse morta, por isso é que tapei a cara. Ela deixou de reagir. A ser verdade, pensei “eu matei-a”», contou à Polícia Judiciária.
 

A acusação do Ministério Público foi mais longe no cenário do crime. Para a Procuradoria, Armindo terá «comprimido uma almofada sobre a face da vítima, de modo a que ela não conseguisse respirar. Uma compressão que manteve até se certificar da morte da tia».

 

Uma versão dos factos que como aponta o advogado não bate certo com a confissão de Armindo. «Ao longo do processo, pusemos sempre em causa a reconstituição, não o modo inical como foi feita, mas demonstrando ao Tribunal que aquilo que o meu cliente dizia na reconstituição não podia ser integralmente verdade, isto é, ele confessou determinados factos que a prova objectiva do processo demonstrava que não eram verdade», afirmou Paulo Gomes.

 

Já em Tribunal, Armindo remeteve-se em silêncio, salientando apenas que era inocente. O Tribunal não levou isso em conta e «assentou a condenação quase e somente na reconstituição» do crime, entretanto validada como prova.

 

A defesa lembra ainda que naquele dia, a Via Verde, os SMS e o uso do cartão multibanco colocam Armindo longe do local do crime. A confissão de Artur Gomes, que foi à GNR admitir a morte de duas mulheres suas vizinhas, uma delas Odete, coloca, para já, a justiça longe da verdade. 

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