Homens e mulheres querem o mesmo - TVI

Homens e mulheres querem o mesmo

  • Portugal Diário
  • 14 fev 2008, 19:46
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Querem amar e trabalhar. Sociólogos dizem que os estereótipos não correspondem à realidade

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Sociólogos da família reunidos esta quinta-feira em Lisboa defenderam que a ideia de que os homens atribuem maior importância ao trabalho e as mulheres à família é um estereótipo que não corresponde à realidade.

Os homens e as mulheres europeus têm os mesmos desejos e na mesma proporção: querem amar e trabalhar, segundos os especialistas, que consideram que família e trabalho constituem assim as duas prioridades na vida dos europeus.

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«Amar e trabalhar na Europa» é o tema do seminário internacional que decorre hoje e sexta-feira no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa.

Na apresentação do artigo «Novos sentidos da família na Europa», a socióloga Inês Cardoso falou das transformações ao nível ideológico das representações dos europeus sobre a família, que dão conta de uma aparente mudança de valores mais tradicionais para valores mais igualitários dos papéis de género.

Segundo a socióloga, dados estatísticos europeus revelam que, contrariando os estereótipos que dizem que os homens atribuem uma maior importância ao trabalho e as mulheres à família, eles e elas querem investir nas duas esferas.

Por outro lado, no caso das mulheres, a pesquisa tem demonstrado que o trabalho constitui uma fonte de realização, independência e sociabilidade e que as mulheres que têm uma actividade profissional sentem-se menos deprimidas, têm maior auto-estima e estão mais satisfeitas com a vida do que as que não têm actividade profissional.

Estas transformações que estão a ocorrer na Europa no sentido de uma maior igualdade são materializadas na emergência de um consenso em torno da defesa de um maior envolvimento dos homens no cuidado da casa e dos filhos.

Os homens são agora encarados como sujeitos responsáveis por certas funções anteriormente tidas como femininas.

Anália Torres, socióloga e especialista nesta área da família e também responsável pelo documento sobre novos sentidos da família na Europa, defendeu que a entrada da mulher no mercado de trabalho implica também uma mudança no comportamento dos homens.

Os homens, defendeu, têm de se redefinir, têm de partilhar os cuidados da família.

Na verdade, segundo Inês Cardoso, existe um consenso na Europa de que a família próxima devia ser a principal prioridade na vida de cada um e que os homens deveriam ter tanta responsabilidade como as mulheres em relação à casa e aos filhos.

No plano ideológico, referiu, os europeus tendem a adoptar uma perspectiva igualitária e a rejeitar uma divisão tradicional dos papéis, embora à medida que se caminha do Norte para o Sul da Europa seja visível uma atitude mais conservadora.

Genericamente, os europeus não apreciam a ideia do sacrifício da mulher em relação ao homem (no acesso ao trabalho) mas parecem tolerar um pouco melhor, particularmente no sul da Europa e nos chamados países do alargamento da União Europeia, a ideia da mulher se sacrificar em favor do bem-estar da família, disse Inês Cardoso.

A igualdade de género é uma realidade mais sedimentada nos países escandinavos, onde foram criadas condições institucionais propícias ao duplo investimento na família e no trabalho.

No caso português, segundo Inês Cardoso, coexistem atitudes contraditórias.

As mulheres portuguesas continuam a assumir as tarefas domésticas que consideram da sua responsabilidades, mas os homens começam a mostrar disponibilidade para as responsabilidades familiares.
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