Fumar em bares transformados em associações - TVI

Fumar em bares transformados em associações

  • Portugal Diário
  • 20 fev 2008, 16:45
Tabaco [arquivo] - Foto Lusa

Existem «brechas na lei» que permitem matar vício em locais onde seria impossível fumar

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A transformação de um bar ou discoteca em associação cultural e recreativa sem fins lucrativos dá aos empresários a possibilidade de permitir fumar nos seus estabelecimentos, anunciou esta quarta-feira a associação do sector, escreve a Lusa.

António Fonseca, presidente da Associação de Bares e Discotecas da Zona Histórica do Porto (ABZHP), afirmou, em conferência de imprensa, que existem «brechas na lei» que permitem aos fumadores matar o vício em locais onde à partida seria impossível fumar, como bares e discotecas.

Para isso, disse, «os empresários podem constituir uma associação sem fins lucrativos», uma espécie de clube.

«O clube será constituído pelo bar, onde será expressamente proibido fumar e que estará fisicamente separado dos restantes espaços, e pela sala de convívio, onde os sócios gozarão de total liberdade de acordo com o preceituado interno, respeitando os princípios da ordem pública, bons costumes, liberdade e auto-determinação pessoal dos sócios», anunciou.

Com esta designação, não é permitida a entrada de pessoas estranhas ao clube (não sócios), à excepção dos funcionários do bar, aos quais a sala de convívio estará interdita.

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Assim, todos os clientes de um bar ou discoteca que seja transformado em clube terão que ser sócios da casa. «É como um espaço privado, em que é permitido fumar», sustentou.

O responsável considerou que «não é difícil criar este formato», aconselhando ainda os empresários a concessionarem os bares para que possam ter lucro.

Para António Fonseca, com este modelo também se resolve de uma vez por todas a questão do reservado de admissão, uma vez que só entra quem for sócio. «Há discotecas e bares que só deixam entrar determinadas pessoas. Aqui é o mesmo, só vai alterar a figura jurídica [do estabelecimento]», disse.

António Fonseca acrescentou ainda que, com este formato, haverá a possibilidade de um não sócio, quando acompanhado por um sócio, se tornar «sócio na hora», por apenas um euro.

«Este tipo de formato vai contornar alguns requisitos da lei, mesmo em relação a horários», acrescentou, admitindo, contudo, que só será permitido fumar nas discotecas que adoptem este formato «até ao dia» em que a legislação for reformulada.

A associação considera ainda que a lei do tabaco «é parcial», provocando «concorrência desleal». António Fonseca apontou o caso das esplanadas da Foz, no Porto, onde é permitido fumar e onde um DJ está toda a noite a animar as pessoas.

«A lei do tabaco promove a desigualdade, isto é, o Estado, com esta lei, está a dar cobertura à concorrência desleal, contribuindo esse facto para o nascimento de espaços formatados, em zonas propícias para o efeito», sustentou.
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