O consumo de tabaco diminuiu 5% desde a alteração da lei. E apesar de haver menos rapazes fumadores, continua a aumentar o número de raparigas que fumam, assim como estão a aumentar os cancros de pulmão em mulheres.
Os dados foram revelados à Agência LUSA por António Araújo, presidente da Pulmonale (Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão). Que se mostra preocupado com este novo fenómeno, o qual terá consequências na próxima década.
O consumo do tabaco, com a mudança da lei, diminuiu cerca de 5% e verifica-se neste momento que, em termos de juventude, os rapazes fumam menos e as raparigas mais e isto poderá ter impacto nos próximos anos em termos de incidência de cancro de pulmão”, afirmou.
Segundo o responsável, que falava à Agência LUSA na véspera do Dia Mundial do Não Fumador, atualmente os números de cancros de pulmão “continuam a aumentar. Ligeiramente, mas a aumentar”. Sobretudo, “à custa do cancro do pulmão na mulher”, que começou a fumar mais tarde e, portanto, os cancros começam a aparecer mais tarde.
Além disso, os novos fumadores são menos rapazes e mais raparigas, o que vai ter impacto na próxima década em termos de incidência de cancro de pulmão: “no homem estaremos para atingir o platô nos próximos anos, mas vai continuar a subir na mulher”.
300 sobreviventes por ano
De acordo com os dados atuais, surgem todos os anos cerca de quatro mil novos casos de cancro do pulmão e morrem à volta de 3.700 pessoas por ano com a doença.
Em termos globais, o cancro do pulmão é o quarto mais incidente (a seguir ao da mama, da próstata e do colo-rectal), mas é o que mais mata”, disse António Araújo.
No entanto, salvaguardou que as terapêuticas hoje disponíveis e os avanços da medicina têm contribuído para uma ligeira diminuição da sua mortalidade, embora o prognóstico continue a ser “sombrio”.
António Araújo lembrou que a principal causa de cancro do pulmão ainda é o tabaco, em cerca de 85% dos casos.