Box da TV vai servir para seguir doentes em casa - TVI

Box da TV vai servir para seguir doentes em casa

(Foto Cláudia Lima da Costa)

Já ouviu falar em telemedicina? Há progressos nesta matéria para criar um centro nacional dotado de pessoal e tecnologias que farão consultas à distância

Vai ser possível que quem esteja doente possa ser seguido em casa com a ajuda da box da televisão. O acompanhamento de doentes em casa através de meios como este está previsto num acordo quadro de telemedicina, que vem agilizar criação de um centro nacional dotado de pessoal e tecnologias que farão consultas à distância.

Denominado Centro Nacional de TeleSaúde (CNTS), este centro de telemedicina está formalmente criado, mas só agora poderá arrancar no terreno. Só na semana passada foi assinado o Acordo Quadro de Telemedicina, entre os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e empresas fornecedoras de serviços de telemedicina.

A forma de o doente passar a aceder às consultas a partir de casa vai depender da doença e dos equipamentos que de que possa dispor.

O aparelho mais acessível é a televisão, mas o que pretendemos é poder usar as boxes de televisão para conseguir passar alguma informação e literacia em saúde”, cita a Lusa.

Artur Mimoso, da SPMS, explicou que o acordo previu usar esses aparelhos em casa de pessoas com menos meios e menos literacia. Numa segunda fase, a possibilidade de colocar as operadoras a funcionar não só com a box de televisão, mas incorporar componentes de medicina através da box e não introduzir mais aparelhos: maximizar aparelhos que já existem em casa mas dar-lhes novas funcionalidades.

Com esta tecnologia será possível tornar o SNS acessível a todos, mesmo quem vive em zonas rurais ou do interior. O doente deverá inserir os seus dados para fazer a medição diária da tensão arterial, da oximetria (quantidade de oxigénio no sangue), da temperatura e do número de passos dados (pedómetro).

Os dados inseridos pelo doente seguem para o call center clínico, composto por uma equipa de técnicos de cardiopneumologia, enfermeiros e farmacêuticos, que fazem a gestão dos dados em tempo real e, em função do estado de saúde do doente, é emitido um alerta no sistema de monitorização e analisado o encaminhamento necessário.

O médico especialista faz a avaliação dos dados e, em casos graves, pode marcar consulta ou direcionar para as urgências.

O início do projeto

Tudo começou em 2014. Artur Mimoso, da SPMS, explicou que os primeiros passos centram-se em em qualificar pequenas empresas já no terreno, através de consórcios com empresas grandes para fazerem trabalho de telemedicina. Desenvolveram projetos piloto de medicina à distância. Os resultados foram bons, mas sem capacidade técnica e financeira para se estender, cita a Lusa.

O objetivo é aliar pequenas empresas que prestam os serviços a outras grandes empresas que vendem os equipamentos tecnológicos.

Não fizemos nenhuma compra, mas a seleção de um grupo de serviços já existentes mas sem capacidade técnico-financeira para chegar a sítios mais distantes. O objetivo era precisamente dotar o SNS de capacidades de prestar serviços de telemedicina”.

Foi na sequência desse acordo que ficou decidido desenvolver o Centro Nacional de TeleSaúde. É um projeto pioneiro a nível europeu, que “depois de equipado com pessoal e as tecnologias que o acordo vai permitir” vai fazer teleconsultas, acompanhamento de doentes em casa à distância.

De futuro, o acompanhamento feito hoje nos hospitais pode chegar a casa das pessoas através da rede. Estamos a maximizar o que já existe. Tínhamos os projetos sustentados em pequenos mercados. Estamos a preparar o mercado para avançar com os projetos piloto que tão bons resultados deram, mas que foram com empresas sem capacidade de expansão”.

Onde foi testado

Os cinco projetos piloto decorreram em Viana do Castelo, Évora e Beja. Centraram-se na área da principal doença respiratória, a DPOC, e ao longo de 7 meses acompanharam de centenas de doentes.

O resultado foi uma “significativa redução” nas idas às urgências, nas hospitalizações (menos 60%), no número de dias de internamento (que passou de uma média de 276 dias para 105 dias). Foi possível ainda atrasar o começo das complicações das doenças.

 

 

Continue a ler esta notícia