Documentário sobre a ditadura estreia a 25 de Abril - TVI

Documentário sobre a ditadura estreia a 25 de Abril

Comemorações dos 33 anos do 25 de Abril (Foto Mário Cruz/Lusa)

«Crime continuado» está dividido em dois espisódios

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Um documentário intitulado «Crime Continuado» que recorda os 48 anos de ditadura em Portugal com testemunhos de presos políticos, imagens da época e fotografias de arquivo inéditas será apresentado em estreia a 25 de Abril no Canal História, noticia a agência Lusa.

O filme está dividido em dois episódios de 50 minutos cada e é da autoria de Alexandrina Pereira e Rui Pinto de Almeida, sendo este último também realizador.

O projecto começou a ser desenvolvido há dois anos, disse à Lusa Rui Pinto de Almeida, explicando que no primeiro episódio se faz um enquadramento histórico das ditaduras que surgiram depois da I Guerra Mundial, enquanto a segunda parte dedica particular atenção à repressão e violação dos Direitos Fundamentais durante o Estado Novo.

Neste segundo episódio são recordados os métodos de tortura e alguns episódios curiosos como uma fuga da prisão de Caxias num carro de Salazar.

Mário Soares recorda torturas a que foi sujeito

«Levaram-me para a PIDE, onde estive em estátua três dias e três noites (...) percebi que estava sem forças e completamente desesperado, com as pernas inchadas e com uma barba de três dias... Não batem, mas também não deixam dormir, com focos eléctricos em cima dos olhos», recordou Mário Soares, num excerto do seu depoimento divulgado pelo Canal História.

Para além de personalidades como Mário Soares, Edmundo Pedro (ex-tarrafalista) ou Adriano Moreira (antigo ministro de Salazar), este documentário conta com testemunhos de figuras menos conhecidas como o antigo guarda prisional do Tarrafal Manuel Silva Lopes ou Isaura Coelho, uma enfermeira que foi presa durante quatro anos porque queria casar e liderou um abaixo-assinado pedindo a revogação da norma que proibia as enfermeiras de casar.

«Eu não estava filiada em nenhum partido político e fui condenada como dirigente do Partido Comunista, sem provas nenhumas», refere no documentário a antiga enfermeira.

«Não é um olhar muito fechado sobre a ditadura, mas um olhar amplo», sublinhou o realizador.

Neto de Humberto Delgado defende nova tese sobre morte do avô

«Crime Continuado» fala também das presidenciais de 1958 e da candidatura de Humberto Delgado, contando com um depoimento de um neto que defende uma nova tese sobre a morte do general.

Frederico Delgado Rosa sustenta que Humberto Delgado terá sido espancado até à morte e não assassinado a tiro, ideia que defende numa biografia sobre o General sem Medo a lançar em breve.

Os dois episódios de «Crime Continuado» serão transmitidos na televisão às 17h e as 18h de 25 de Abril.
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