Trafaria foi a zona mais afectada em Almada - TVI

Trafaria foi a zona mais afectada em Almada

  • Portugal Diário
  • 18 fev 2008, 16:00
Cheias em Sacavém provocam o caos (foto MIGUEL A. LOPES/LUSA)

Bombeiros tiveram registo de 70 ocorrências. Maioria inundações em casas particulares e estabelecimentos comerciais

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A Trafaria foi a zona mais afectada pelo mau tempo no concelho de Almada, com um registo de 70 ocorrências, a maioria inundações em casas particulares e estabelecimentos comerciais.

Alguns moradores ouvidos pela Agência Lusa atribuem as constantes inundações na freguesia pelo facto da zona ter sido, na sua maioria, construída num nível inferior à cota marítima, o que provoca inundações nas casas sempre que o caudal de chuva é mais forte.

Miquelina Teixeira, moradora na Cova do Vapor há duas dezenas de anos, conta que «esta situação acontece sempre que chove mais que o habitual», defendendo por isso que «já era tempo de avançarem com as obras previstas para haver mais condições aqui».

A moradora foi acordada a meio da noite pelos vizinhos, que a avisaram de que «a água estava a entrar em casa». De imediato começaram as limpezas, com a ajuda de familiares e vizinhos, que se prolongaram até de manhã.

«Só espero é que isto tenha sido passageiro, mas pelo que tenho ouvido nas notícias ainda vamos ter mau tempo durante uns dias», queixou-se Miquelina Teixeira.

Uma opinião partilhada por José Ribeiro, um residente há mais de 30 anos na Trafaria. «Só se preocupam connosco quando esta coisas acontecem mas nunca fizeram nada para resolver o problema», lamentou.

José Ribeiro desabafou a necessidade que tem tido de mudar de casa, por esta «já não apresentar tudo o que é preciso». «A idade também é outra e precisava de ter paz e descanso nos últimos anos da minha vida», destacou o reformado, de 72 anos.

Acompanhe ao minuto a situação nas ruas

Temporal causa três mortos

Alguns pescadores que frequentam a zona da Trafaria diariamente também referiram que as condições marítimas não estão propícias à realização do seu trabalho, visto estar a verificar-se uma ondulação mais forte que o normal.

«Nem sei se vamos conseguir trabalhar hoje, porque isto está muito complicado, mas vamos ver se temos condições para fazer o nosso trabalho, que é nosso único meio de subsistência», disse Ivo Medeiros, que trabalha com o pai e irmãos há largos anos no mar.

O pai Manuel também concorda com a posição, apesar de destacar já ter trabalhado no mar «com temporais muito mais graves que este».

«Os tempos eram outros e as pessoas arriscavam-se muito mais porque precisavam disso para viver. Hoje em dia, está tudo cada vez pior, mas não arrisco a vida dos meus filhos por nada», esclarece.

Bairro da Cova do Vapor será detruído

Para a zona está previsto o projecto Costa da Trafaria, que implica a destruição do bairro da Cova do Vapor para construção de um empreendimento turístico e o realojamento dos habitantes da zona, uma medida aguardada há alguns anos.

De acordo com a presidente da Junta de Freguesia da Trafaria, Francisca Parreira, os estabelecimentos comerciais ribeirinhos e à beira-mar foram os mais afectados com o mau tempo com «entrada e água em muitos desses estabelecimentos, o que acabou por danificar os equipamentos desses espaços de restauração».

De facto, a Lusa constatou no local que muitos desses estabelecimentos comerciais estão mesmo fechados hoje para limpezas, lê-se nas montras de alguns dos comércios junto à praia.

Durante o dia de hoje, a Protecção Civil Municipal está a proceder à limpeza das vias e a avaliar os danos provocados pela chuva e vento fortes, para prevenir mais estragos nos próximos dias «e enquanto estiver prevista esta situação de mau tempo».

Contactados pela Agência Lusa, os vários serviços de bombeiros do concelho de Almada avaliaram a situação no concelho como «normal e própria das condições meteorológicas, sem grandes ocorrências para além do fluxo habitua».
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