O Ministro da Educação foi acusado de burla por um professor da Universidade de Coimbra (UC) quando era bolseiro, em 2001, acusações que Tiago Brandão Rodrigues refuta e que considera não serem inocentes "tendo em conta o atual momento político".
Em causa está uma entrevista de Rui Carvalho, ainda professor na UC, à revista Sábado e na qual acusa o agora ministro de ter ludibriado a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) ao obter uma bolsa de estudo para estudar nos Estados Unidos que, no entanto, não precisava de ser paga.
Num esclarecimento enviado às redações nesta quarta-feira, o Ministério da Educação (ME) nega as acusações de "qualquer crime, burla ou irregularidade no âmbito do processo de atribuição de uma Bolsa de Estudo", que classifica como “cegas e ofensivas”.
No comunicado, o Ministério da Educação sublinha que "é totalmente falso" que Tiago Brandão Rodrigues tenha cometido qualquer crime e que a acusação agora pública não é "inocente".
O Ministro da Educação considera que não se trata de afirmações inocentes tendo em conta o atua momento político e considerando que é o repescar de uma situação com 14 anos e há 14 anos esclarecida”, pode ler-se.
O caso remonta a 2001 quando Tiago Brandão Rodrigues, então bolseiro, deslocou-se à Universidade do Texas em setembro desse ano, ao prestigiado Southwestern Medical Center, para realizar um estágio no âmbito do seu projeto de doutoramento. O ministro recebeu, então, 18 mil euros, mas, segundo Rui Carvalho, o programa não implicava o pagamento de propinas.
Na entrevista à Sábado, o professor da UC diz que o departamento de bolsas da FCT tentou, sem sucesso, durante seis meses contactar Tiago Brandão Rodrigues para obter o recibo de pagamento de propinas.
No entanto, o atual ministro, segundo documentação a que a TVI teve acesso, devolveu em 2002 o dinheiro que recebeu, ainda antes da denúncia do professor, que o auxiliava "em algum trabalho doutoral", apesar de não ser seu orientador, e com o qual assume terem ocorrido "incompatibilidades várias e graves".
De acordo com esclarecimento da FCT, a que a TVI também teve acesso, "em 25 de Setembro de 2002", a Fundação foi informada por Tiago Brandão Rodrigues "da redução do período de permanência no estrangeiro e de que não houve necessidade de pagamento de taxas de laboratório". "Na sequência, a FCT apurou o pagamento em excesso, o qual foi devolvido na totalidade", consta no documento.
Já a primeira carta recebida do professor Rui Carvalho "alegando irregularidades" data de "30 de Setembro de 2002".
A FCT acrescenta que "todas as questões levantadas nessa carta foram esclarecidas", concluindo "não haver indício de ilegalidade, tendo dado o processo por encerrado".
O Ministério da Educação adianta, ainda, que foram já iniciados todos os procedimentos inerentes "à apresentação de uma queixa-crime" contra o professor e a revista "pelas falsidades prontamente desmentidas".