Covid-19 sem "impacto direto” na prevenção de incêndios - TVI

Covid-19 sem "impacto direto” na prevenção de incêndios

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  • 7 jul 2020, 18:57
Incêndio em Castro Daire

Presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais garante ainda que, na área do combate, existem ferramentas para mitigar as consequências da pandemia

O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais considerou que a covid-19 “não teve um impacto direto” na prevenção dos incêndios e que na área do combate existem ferramentas para mitigar as consequências da pandemia.

“Para a questão da floresta e do fogo, a covid-19, dado a questão dos incêndios e das atividades de prevenção não teve um impacto direto”, disse Tiago Oliveira no fórum virtual “A floresta e o fogo nos tempos da pandemia”, organizado pelo Laboratório Colaborativo para a Gestão Integrada do Fogo e da Floresta “ForestWISE

O presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) afirmou que os programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”, que visam garantir uma maior proteção em caso de incêndio, foram afetados e tiveram um impacto ao nível da capacidade de mobilização, uma vez que as reuniões nas aldeias entre as entidades e a população foram limitadas, “mas houve outras soluções que foram implementadas para conseguir ultrapassar as dificuldades”.

Tiago Oliveira sublinhou que, ao nível da prevenção, “as entidades conseguiram avançar” com os projetos, tendo existido “bastante capacidade nesta matéria”, apesar de algumas metas que estavam previstas não terem sido conseguidas.

No entanto, ressalvou que foram situação pontuais.

“O impacto da covid-19 na campanha de prevenção do presente ano foi mitigado e na área do combate também existem ferramentas para que seja mitigado”, sustentou, sublinhando que com os oficiais de segurança, que agora ganharam as competências de higiene e condições de trabalho, “vai ser possível implementar os planos operacionais que estão previstos para conseguir ultrapassar as limitações”, como os ajuntamento e a aglomeração de pessoas.

O presidente da AGIF sublinhou também que, nas situações de evacuação e outras mais complexas, “há medidas que estão a ser pensadas e implementadas”.

“Parece que por aqui [prevenção e combate] as coisas não vão ter grandes consequências”, disse, sublinhando que Portugal tem que estar preparados para o caso de existir um agravamento da pandemia em setembro, em que poderão surgir “complicações de redução de capacidade de resposta”.

Tiago Oliveira considerou que a Proteção Civil e a Guarda Nacional Republicana “já desenvolveram as capacidades para conseguir atempadamente antecipar e os mecanismos existem e estão capacitados para o fazer”.

O mesmo responsável disse ainda que a AGIF começou em março a fazer uma reflexão sobre os impactos da covid-19 na prevenção e combate aos incêndios e a acompanhar o que se estava a passar a nível internacional.

Tiago Oliveira adiantou que em maio a AGIF enviou a todos os operacionais envolvidos na prevenção, vigilância e combate a incêndios um guia operacional com recomendações.

“Esse foi o nosso contributo de levantar a bandeira e dar um pontapé de saída nas questões mais fulcrais”, disse ainda.

GNR teve de adaptar ações de sensibilização

O segundo comandante-geral da GNR, Rui Clero, disse que a corporação teve que adaptar este ano as ações de sensibilização sobre o uso correto do fogo devido à pandemia de covid-19, tendo procurado avisar a população individualmente.

No fórum virtual, Rui Clero adiantou que, em 2019, a GNR conseguiu realizar ações de sensibilização junto de cerca de 120 mil pessoas ligadas ao mundo rural, designadamente agricultores, pastores e produtores agrícolas, mas este ano existiu a limitação em termos de organização de reuniões e ajuntamentos de pessoas, pelo que a metodologia teve de ser alterada.

De acordo com o segundo comandante do comando-geral da Guarda Nacional Republicana, o público alvo destas ações de sensibilização é aquele que está envolvido nos principais perigos da utilização indevida do fogo, particularmente na situação das queimas e queimadas, pelo que “era importante” fazer chegar esta mensagem a esta parte da população.

“Tivemos que adaptar este ano a execução da operação às condições da pandemia. Procuramos fazer esses avisos e passar essas mensagens individualmente, quando passámos às ações de fiscalização”, disse.

Rui Clero salientou também que, este ano e durante as ações de monitorização, a GNR registou cerca de 24 mil incumprimentos relacionados com a limpeza da floresta.

Segundo o mesmo responsável, estes incumprimentos, maioritariamente registadas nas 1.114 freguesias consideradas prioritárias em termos de risco de incêndio florestal, foram partilhados com as autarquias e com as entidades com responsabilidade nesta matéria.

O segundo comandante do comando-geral da GNR avançou ainda no fórum virtual algumas mudanças que a GNR procurou realizar de forma a mitigar o problema da covid-19, como o prolongamento do prazo para a fiscalização de terrenos florestais.

Rui Clero explicou que este ano a GNR executou em todo o país uma plataforma de georreferenciação junto de todos os locais que carecem de ações de gestão de combustível.

“Fizemos esse levantamento em todo o território e partilhamos depois essa informação digitalizada e georreferenciada com as câmaras municipais para que possam no âmbito das competências atribuídas serem feitas a gestão dessas áreas”, disse.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 538 mil mortos e infetou mais de 11,64 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.629 pessoas das 44.416 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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