Rei Ghob: mais suspeitos na morte de Tânia - TVI

Rei Ghob: mais suspeitos na morte de Tânia

Francisco Leitão, conhecido como rei Ghob

Testemunhas contaram em tribunal que jovem era vítima de maus-tratos pelo marido

A mãe e irmão de Tânia Ramos, uma das presumíveis quatro vítimas de «Rei Ghob», apresentaram esta terça-feira no Tribunal de Torres Vedras argumentos que alargam o leque de suspeitos da morte da jovem ao seu então marido.

Ambos disseram que a jovem era vítima de maus-tratos pelo marido, tendo o irmão de Tânia, Mário Rodrigues, adiantando que lhe chegou a dizer para se ir embora, especificando que o marido a agarrava «pelos cabelos e fazia com que batesse com a cabeça no chão» para não deixar marcas de violência doméstica.

Mário Rodrigues explicou que «o marido chegou a dizer-lhe que, se ela ganhasse a custódia da filha, a matava», acrescentando: «a minha irmã andava aterrorizada».

Este depoimento acabou por afastar as suspeitas que recaem sobre Francisco Leitão (Rei Ghob) a propósito da morte da irmã, desaparecida desde Junho de 2008.

À semelhança de algumas vezes em que foi contactado pela irmã quando era vítima de maus-tratos, a testemunha disse que, após o desaparecimento de Tânia, ligou para a irmã e que «só a ouvia chorar e soluçar».

Depois dessa data, recebeu uma mensagem de telemóvel (sms) alegadamente da irmã. Contudo, disse pensar que Tânia «tivesse ganhado juízo e ido embora», isto depois de a mãe de ambos ter confirmado em tribunal que a rapariga já tinha dito que queria ir trabalhar para Espanha para fugir ao marido.

Ao contrário do filho, Glória Félix declarou que Tânia sabia que Ivo Delgado, outra das vítimas, era vítima de maus-tratos por Francisco Leitão.

Apesar de confirmar a prática de violência doméstica por parte do marido da filha, até porque conhecia a «relação íntima» que Tânia tinha com Leitão, a progenitora disse que a jovem lhe chegou a contar, sem entrar em pormenores, que tinha descoberto «alguma coisa» que comprometia o arguido, associando-o desta forma ao seu desaparecimento.

O julgamento recomeça depois das 14:00, com a audição de mais sete testemunhas, a principal das quais era a melhor amiga de Joana Correia (a última das alegadas vítimas de Francisco Leitão).

A menor, conhecida por "Bea", continua com receio do arguido, depois de alegadamente este a ter ameaçado dois dias depois do desaparecimento da amiga, motivo que levou a adolescente a aceder encontrar-se com Francisco Leitão apenas na companhia da irmã e de outra amiga.

"Bea" tinha estado com Joana no dia do seu desaparecimento e conhecia várias das 180 mensagens trocadas entre o arguido e a vítima nesse dia, razão pela qual terá recebido ameaças.

A mãe de Joana Correia, Fátima Silva, explicou na segunda-feira em tribunal que "Bea" acabou por lhe indicar que Francisco Leitão não só «estava envolvido» no desaparecimento da filha, como também «tinha estado em comunicação com ela» no dia em que desapareceu, pois ambos estariam a preparar uma surpresa ao namorado da rapariga.
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