Consumo de heroína em risco de aumentar - TVI

Consumo de heroína em risco de aumentar

Droga apreendida na Madeira (Direitos reservados)

Presidente do IDT quer manter o dispositivo de tratamento

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O consumo de heroína no país pode aumentar nos próximos tempos, alertou o presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), defendendo a manutenção do dispositivo existente para o tratamento dos heroinómanos.

«O último relatório do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência alertava para que todos os países estivessem atentos para um eventual recrudescimento da heroína. Nós aqui ainda não sentimos isso, mas receamo-lo», disse o presidente do IDT, João Goulão.

Aumento «preocupante» de mortes por «overdose», de quantidades apreendidas e do número de toxicodependentes que procuram tratamento foram os sinais detectados e referidos no último relatório europeu, que vieram contrariar todos os estudos que indicavam que o problema da heroína na Europa estaria a regredir.

Em Portugal, depois de um período negro, «de duas a três décadas» de consumo de heroína, esta droga entrou numa fase de estabilização: «Houve uma altura em que se registou uma queda abrupta da heroína e subida da cocaína», lembrou João Goulão.

Para explicar este fenómeno, o presidente do IDT apontou questões geopolíticas, como a guerra no Afeganistão, que trouxeram dificuldades em abastecer a Europa ocidental: nessa altura, «as grandes redes de tráfico viraram-se para a cocaína» e o consumo de heroína começou a cair.

Entretanto, «a descida que vínhamos a assistir entrou em plano», afirmou João Goulão. «Hoje há uma recomposição das redes de heroína e assistimos a uma estabilização do consumo de heroína», acrescentou.

O relatório europeu, divulgado no final do ano passado, sublinha que a maioria da heroína detectada na Europa é proveniente dos campos de papoilas do Afeganistão, que nos anos de 2006 e 2007 produziu uma quantidade de ópio sem precedentes.

O Observatório Europeu da Droga estima que, na UE e na Noruega, haja entre 1,3 e 1,7 milhões de pessoas que consomem derivados do ópio (morfina e heroína) e drogas sintéticas com efeitos similares.

João Goulão lembrou, no entanto, que «a heroína» foi ficando desprestigiada, sobretudo nas camadas mais jovens, «onde é tida como a droga dos junkies e dos arrumadores, não sendo atractiva para os jovens».
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