Lisboa: o silêncio cortado pelos apitos da polícia - TVI

Lisboa: o silêncio cortado pelos apitos da polícia

Corte de trânsito na Avenida da Ribeira das Naus vai durar quatro meses

Temia-se o caos e a confusão, numa manhã de adaptação ao corte de trânsito da Avenida da Ribeira das Naus, em Lisboa. Em algumas ruas da Baixa, o cenário era o mesmo: automobilistas a tentarem convencer os muitos polícias presentes da sua necessidade de passar. Depois de algumas tentativas frustradas, lá voltavam para trás e tentavam noutro acesso.

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Já os muitos lisboetas que optaram por fazer o percurso a pé estavam bem mais satisfeitos e apreciavam o silêncio que reinava na frente ribeirinha, cortado apenas pelos apitos dos polícias que tentavam fazer fluir o trânsito da maneira mais rápida possível.

«Está tudo a correr bem. Há muito trânsito, mas é normal enquanto as pessoas não se habituarem. As pessoas parecem devidamente informadas, embora algumas ainda parem para perguntar o que se passa», disse fonte da Polícia Municipal ao PortugalDiário.

António Costa «satisfeito»

Para além da PM e da PSP, viam-se muitos funcionários da Carris a distribuir panfletos e dar informações sobre as alterações de trânsito. Os transportes públicos são os únicos com acesso permitido ao Terreiro do Paço, ainda que tenha sido possível verificar que alguns carros destinados aos ministérios conseguiam «furar» as barreiras.

Na esquina, Francisco Amaral, de 47 anos, geria o seu quiosque como em qualquer outra manhã: «Até agora o negócio está normal, perdi só alguns clientes que costumam parar aí com o carro. Em termos de trânsito não me está a incomodar, o pior são os polícias a apitar. Agora vamos lá ver se durante estes quatro meses vou ser prejudicado ou não.»

Uns metros ao lado, Paulo Caetano, de 38 anos, desesperava dentro do carro com o passar do tempo. Eram 9h30 da manhã e já devia estar no escritório. «Eu até compreendo que tenham de fazer isto, mas eu não tenho outra hipótese senão andar aqui às voltas. E agora quem explica ao meu patrão por que é que cheguei atrasado?», queixou-se, ao PortugalDiário.

Paciência e caminhos alternativos

Muito mais calma estava Laurinda Alves, de 57 anos, que, ao sair da estação de metro do Terreiro do Paço, questionou: «Mas afinal o que é que se passa aqui?» Depois da devida explicação dada, confessou alguma satisfação. «Para mim até é melhor porque vou de autocarro e apanho menos trânsito, mas para quem anda de carro deve ser muito mau», averiguou.

Lisboa: trânsito começou a complicar

Durante quatro meses, Laurinda, Paulo e Francisco terão muito tempo para se habituarem às obras de consolidação do torreão poente da Praça do Comércio (a cargo da Sociedade Frente Tejo), de drenagem e saneamento e de construção de um colector de águas pluviais (a cargo da SIMTEJO e da CML) e de substituição de uma conduta de abastecimento de água (a cargo da EPAL).

Até lá, os lisboetas terão de ter muita paciência e procurar os caminhos alternativos para evitarem os apitos autoritários que se fazem ouvir no Terreiro do Paço.
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