Militar que sobreviveu pediu para Pedro Dias sair da sala - TVI

Militar que sobreviveu pediu para Pedro Dias sair da sala

  • Joana Monteiro
  • João Bizarro
  • CP/AR- atualizada às 14:40
  • 3 nov 2017, 11:14

Arguido está a assistir ao testemunho através de videoconferência

Pedro Dias foi retirado da sala onde decorre a primeira sessão do seu julgamento pelos três homicídios cometidos em outubro de 2016.

A primeira testemunha a ser chamada foi o militar da GNR que sobreviveu aos tiros alegadamente disparados por Pedro Dias.

António Ferreira, que na altura dos crimes tinha 41 anos, pediu para que o arguido fosse retirado da sala antes de começar a falar.

A defesa de Pedro Dias opôs-se a este pedido, alegando que é crucial que o arguido assista ao julgamento, e a solução encontrada acabou por ser retirá-lo da sala, mas deixá-lo assistir ao testemunho por videoconferência.

À saída, a advogada de Pedro Dias, Mónica Quintela, queixou-se que a acústica da videoconferência não estaria a funcionar bem. 

O militar da GNR esteve a descrever aquilo que aconteceu na madrugada de 11 de outubro de 2016, quando ele e o colega de patrulha, Carlos Caetano, encontraram uma carrinha perto de um local de obras, em Aguiar da Beira, com Pedro Dias a dormir lá dentro. 

Os dois militares aproximaram-se então do arguido, tentaram que este se identificasse e, ao pedirem informações sobre ele, foram informados que era perigoso e podia estar armado.

Segundo António Ferreira, que diz ter ouvido um ruído e desviado o olhar, quando voltou a olhar para Pedro Dias, já este tinha uma arma apontada ao colega e estava a disparar. Carlos Caetano, o outro militar da GNR, morreu logo ali.

O sobrevivente contou que Pedro Dias o obrigou a conduzir o carro por várias localidades, tendo regressado ao local do crime e posto o corpo do colega na viatura.

Pedro Dias terá então algemado António Ferreira, tirou-lhe o telemóvel e foi ele a conduzir, desta vez numa estrada de terra batida.

Aí, alvejou-o também e achou que o matou, tendo até coberto o corpo. O militar da GNR perdeu a consciência e esteve desmaiado até de manhã, altura em que conseguiu chegar a uma casa que era também de um colega militar, para pedir auxílio.

Ao longo das duas horas, o militar da GNR sublinhou que não conhecia Pedro Dias, assim como o seu colega Carlos Caetano também não, desconhecendo ainda as motivações para os disparos.

O senhor Pedro Dias nunca me deu hipóteses de fazer coisa alguma, estive sempre com a arma apontada”, repetiu.

Ao longo da sua audição, António Ferreira demonstrou alguma dificuldade em falar e acabou por ter de se ir levantando por não conseguir estar sempre sentado. 

O advogado Pedro Proença, representante do militar da GNR António Ferreira, considerou que com este depoimento estão perante “uma prova muito sólida e consistente” e “uma investigação criminal exemplar”, que permite ao Tribunal “ter uma clareza sobre tudo o que passou”.

Não deixou dúvidas [de que foi Pedro Dias] e a prova testemunhal foi muito sólida e veio corroborar a prova biológica e física”, referiu.

Pedro Proença aludiu ainda ao trauma e às lesões físicas de que António Ferreira padece.

Esclareço que ele está numa situação de perigosidade clínica elevada, porque qualquer movimento pode deslocar a bala que ele tem alojada na coluna e há risco de vida ainda”, concluiu.

Pedro Dias, suspeito de ter cometido três homicídios em Aguiar da Beira, em outubro de 2016, e também acusado de múltiplos outros crimes, começou esta sexta-feira a ser julgado no Tribunal da Guarda, que requisitou medidas adicionais de segurança.

À entrada para o tribunal, a sua advogada garantiu que o arguido vai falar durante o julgamento.

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