Ex-bancário confessa que ficou com dinheiro de clientes - TVI

Ex-bancário confessa que ficou com dinheiro de clientes

  • PD
  • 20 mar 2017, 17:23
Justiça (arquivo)

Arguido de 29 anos assumiu em tribunal ter-se apropriado de mais de 250 mil euros entre 2009 e 2013. Dinheiro serviu-lhe para jogar e pagar dívidas de jogo

Um ex-bancário, de 29 anos, confessou no Tribunal de Coimbra que se apoderou de 252 mil euros de contas de clientes do Montepio, entre 2009 e 2013, dinheiro que usava para alimentar o vício de apostas online.

No início do julgamento, o arguido, natural de Santa Comba Dão, fez uma "confissão integral e sem reservas" dos factos presentes na acusação do Ministério Público, justificando o montante do qual se apropriou pelo vício "inexplicável" que tinha por apostas online.

Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, o arguido aproveitou-se da qualidade de funcionário para se apoderar de "elevadas quantias de dinheiro" de diversos clientes da Caixa Económica Montepio Geral, designadamente "os mais idosos, mais vulneráveis ou menos instruídos".

Os atos terão sido praticados entre 2009 e 2013 e eram justificados para pagar as dívidas que "ia acumulando" face ao vício com as apostas online.

O jovem, acusado de um crime de falsidade informática, um crime de burla qualificada e um crime de falsificação de documento, exerceu funções de administrativo do balcão do banco em Tondela, tendo depois trabalhado em balcões em Anadia e em Coimbra.

Clientes ressarcidos

De acordo com o Ministério Público, o arguido, atualmente a viver na Suíça, apoderou-se do dinheiro, recorrendo a levantamentos, transferências ou "constituição, resgate ou renovação de aplicações", sendo que alguns clientes chegaram a perder 20 mil, 30 mil ou até 75 mil euros.

O Montepio já ressarciu os clientes, sendo que no início do julgamento de hoje o jovem comprometeu-se a pagar 300 euros mensais ao banco para restituir os 252 mil euros. Caso a prestação não seja alterada, serão necessários 70 anos para ressarcir por completo o banco.

O presidente do coletivo de juízes notou que o arguido até tornou "fácil" a inspeção bancária após ter sido confrontado por um colega do banco, não tendo sonegado qualquer facto.

"Comportamentos disruptivos"

Quando foram ouvidas as testemunhas de defesa do jovem ex-bancário, o psiquiatra João Ferreira alertou que o arguido "é portador de uma doença".

Nas alegações finais, a procuradora do Ministério Público salientou esse mesmo facto, pedindo um "acompanhamento rigoroso" para o "controlo desta vulnerabilidade do arguido", referindo-se a um relatório que coloca o jovem numa "situação de risco para comportamentos disruptivos".

A procuradora pediu uma pena de cinco anos, suspensa na sua execução, bem como o pagamento "de uma parte significativa" dos 252 mil euros durante esse período.

Esta doença é a causa motora e principal destes factos graves", constatou o advogado de defesa, Manuel Castelo Branco, criticando a liberalização do jogo online, que permite a jovens como o arguido "serem apanhados nas malhas destas patologias".

Manuel Castelo Branco realçou que "deverá haver suspensão da pena" e que esta deve ser "submetida às condições" elencadas pela procuradora.

A leitura de sentença ficou marcada para 04 de abril, às 13:30.

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