Fizeram ameaça de bomba só para ver como a PSP atuava - TVI

Fizeram ameaça de bomba só para ver como a PSP atuava

Justiça

"Queria ver como a Polícia atuava, pois só tinha visto nos filmes", alegou em tribunal um dos autores dos telefonemas

Os quatro jovens responsáveis por um falso alerta de bomba no telhado do Pavilhão Paulo Pinto, em S. João da Madeira, justificaram esta segunda-feira no tribunal a sua atuação, afirmando que queriam ver como a PSP atuava.

Os jovens falavam durante o início do julgamento cível, no Tribunal de São João da Madeira, em que um ex-subcomissário da PSP que caiu do telhado reclama uma indemnização de 100 mil euros aos autores do falso alerta, por danos não patrimoniais.

O caso ocorreu na noite de 28 de julho de 2008, quando os jovens ligaram para a polícia a alertar para um assalto no Pavilhão Paulo Pinto, em S. João da Madeira, no distrito de Aveiro.

Pouco depois, um dos jovens fez uma segunda chamada fazendo-se passar pelos supostos assaltantes que estariam em cima do telhado do pavilhão e ameaçou fazer explodir uma bomba.

"Queria ver como a Polícia atuava, pois só tinha visto nos filmes", disse o autor do último telefonema, adiantando que "ninguém se opôs a dizer para não ligar".

Os três colegas confirmaram que decidiram fazer uma brincadeira para ver como a Polícia atuava, mas deixaram claro que não concordaram com a realização da segunda chamada onde foi feita alusão à existência de uma bomba.

"Pareceu-nos um pouco exagerado a continuação da brincadeira", disse um dos jovens, adiantando que, quando se apercebeu, a segunda chamada já estava a ser feita.


A sessão ficou ainda marcada pelas declarações do então comandante da esquadra da PSP de São João da Madeira que subiu ao telhado do edifício para se certificar se a denúncia seria verdadeira, quando uma telha cedeu e caiu de uma altura de cerca de sete metros.

O oficial de polícia, que atualmente está a exercer as funções de assessor da área operacional da divisão de Espinho, disse que conhecia o risco da sua conduta, afirmando que tentou "minimizar tudo o que era possível", caminhando pelas juntas da cobertura.

O acidente deixou o agente com uma incapacidade permanente de 72,8%, tendo ficado a receber uma pensão anual vitalícia de cerca de 13 mil euros.

Na ação, o subcomissário diz que de um momento para o outro viu "definitivamente comprometidos" todos os projetos de realização pessoal e profissional, realçando que as sequelas decorrentes das lesões que sofreu são "incuráveis e irreversíveis".

Para além da ação intentada pelo ex-subcomissário, os autores do falso alerta também estão a ser julgados juntamente com os seus pais numa outra ação, onde a Caixa Geral de Aposentações reclama 230 mil euros para suportar o pagamento do subsídio por elevada incapacidade permanente e das pensões por acidente de trabalho a pagar ao agente.

Em outubro de 2012, dois dos quatro autores do falso alerta foram condenados a pagar uma multa de 550 euros por simulação de crime.

Os outros dois não foram acusados porque tinham menos de 16 anos quando ocorreram os factos.
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