Jurada de homicídio diz ter «medo» de não conseguir ser imparcial - TVI

Jurada de homicídio diz ter «medo» de não conseguir ser imparcial

Justiça

Clarinda Pinto suplicou para não integrar o tribunal de juri, mas sem sucesso

Apesar de quase ter suplicado para não ser escolhida, Clarinda Pinto, 48 anos, formadora licenciada em Filosofia, vai mesmo integrar o tribunal de júri que quinta-feira começa a julgar o homicídio de uma professora, em Braga.

No processo de seleção de jurados, Clarinda disse, perante a juíza titular do processo, da magistrada do Ministério Público e dos advogados, que não tinha vontade nenhuma de participar, depois aduziu razões de ordem profissional e, por último, acabou por confessar «receio» de não conseguir ser imparcial.

«Tenho receio de não ser objetiva, de não ser imparcial», afirmou aquela formadora «a recibos verdes», ativista de algumas ações de protesto na região contra o Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Questionada pelos advogados do processo, Clarinda defendeu que «em alguns casos» os autores de um crime «não merecem uma segunda oportunidade».

«Depende de muita coisa», afirmou.

Acabou por ser escolhida por unanimidade para integrar o tribunal de júri, a par de uma professora, de um técnico de eletrónica e de um bolseiro de investigação em nanomateriais, não tendo estes colocado quaisquer reservas à sua participação no julgamento.

Vão receber uma unidade de conta (102 euros) por dia e, por serem jurados, têm ainda direito a usar arma de defesa pessoal.

Os quatro e mais três juízes vão julgar um homem de 35 anos, autor confesso do homicídio da companheira, de 34, no apartamento do casal, em Maximinos, Braga, com oito facadas, sobretudo no pescoço e no tórax.

O crime aconteceu a 10 de maio de 2012 e, segundo a acusação, o homem terá matado por ciúmes.

Após a morte da companheira, o arguido levou o cadáver para a cama, onde o cobriu com um cobertor, tendo ido dormir com o filho do casal, que ainda não tinha completado dois anos.

No dia seguinte, foi levar o filho à creche, tendo o desaparecimento da vítima sido participado à PSP por uma amiga, que estranhou não ter resposta às várias tentativas que fez para a contactar.

As autoridades arrombaram a porta do apartamento e depararam-se com o cadáver da mulher na cama e com o agressor dentro da banheira.

O advogado de defesa, Pedro Miguel Branco, alega que, até ao dia dos factos, o arguido «nunca foi agressivo para com a vítima».

Sustenta, ainda, que «o crime foi de oportunidade, praticado em segundos, num contexto psicológico intenso» e «não havendo premeditação».

Por isso, refuta a acusação de homicídio qualificado e vai trabalhar a tese de homicídio simples.
Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE