Matou o pai «sem querer» - TVI

Matou o pai «sem querer»

Justiça

Carlos Teixeira, de 42 anos, está a ser julgado pela morte do seu progenitor

O homem que a 12 de Fevereiro de 2011 assassinou o pai com uma foice, em Vila Verde da Raia, Chaves, e feriu gravemente a companheira do progenitor, conhece a decisão do tribunal a 24 Janeiro.

O julgamento de Carlos Teixeira, de 42 anos, que assassinou o pai, de 72 anos, começou na semana passada, tendo o arguido referido que não tinha intenções de matar o progenitor e agido em legítima defesa.

No dia do crime, os vizinhos da vítima mortal referiram à Lusa que pai e filho não se falavam há vários anos e que as discussões entre ambos eram uma constante por causa da herança.

No dia do sucedido, segundo o arguido, foi a casa do pai, começaram a discutir e o progenitor terá pegado numa arma e disparado para o ar, mas com medo que aquele o atingisse pegou na foice que estava no quintal e matou-o «sem intenção».

Carlos Teixeira feriu ainda gravemente a companheira do progenitor, com deficiência psíquica e motora, tendo estado internada no serviço de neurocirurgia do Hospital de Santo António, no Porto.

O homicida foi detido no local pela GNR sem ter oferecido qualquer resistência e ficou a aguardar julgamento em prisão preventiva.

Um vizinho da vítima mortal, Augusto Oliveira, afirmou esta segunda-feira em tribunal que o filho ia «quase» todos os dias a casa do pai discutir e atormentá-lo.

Quanto à companheira da vítima, a testemunha salientou que o seu estado de saúde pirou «muitíssimo», tanto que, agora, precisa de muletas para caminhar.

Outra das testemunhas, Otávio Santos, salientou que o relacionamento entre os dois era «péssimo» e que se devia ao facto do filho querer 500 metros quadrados de terreno para construir uma casa e o pai só lhe querer dar 300 metros.

Um amigo do arguido, Lucílio Montalvão, frisou em tribunal que aquele lhe contou que matou o pai, mas sempre disse ter sido «sem querer».

Nas alegações finais, o advogado de acusação, Luís Areias, recordou que o arguido assassinou o pai, de forma bárbara, ao deferir sobre ele «vários» golpes com uma foice.

Se a intenção não fosse matar, disse, bastaria tê-lo atingido uma vez e não várias.

Luís Areias salientou ainda que a tese do arguido para justificar a agressão à companheira do pai não é consistente porque, ninguém se convence que uma mulher com deficiência iria pegar na arma e disparar sobre alguém.

O causídico frisou ainda a «preocupação» da mulher do arguido e do filho em não deixar aproximar ninguém do local do crime, como que querendo esconder alguma coisa.

Por seu lado, a Defesa, por parte de Jorge Nascimento, relembrou que o arguido não tinha intenções de matar o pai, tanto que o crime não foi premeditado, mas «fruto» das circunstâncias.

Além disse, o causídico reafirmou que Carlos Teixeira confessou o crime, não ofereceu resistência às autoridades e mostrou arrependimento por ter morto o pai.

O arguido, no final das alegações finais, voltou a referir que não tinha intenções de matar o pai, porque foi ele quem lhe ensinou tudo aquilo que hoje sabe, mas confessou ter agido sem pensar.

A leitura do acórdão ficou agendada para o dia 24 de Janeiro, pelas 14:00.
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