Um verão diferente em família. Quando o ‘Vá para fora cá dentro’ ganha ainda mais significado - TVI

Um verão diferente em família. Quando o ‘Vá para fora cá dentro’ ganha ainda mais significado

Caminhadas na natureza pelos recantos de Portugal

Fazer um 'upgrade' do seu negócio foi, para este casal ligado ao turismo, uma das soluções encontradas para fazer face aos efeitos da pandemia do novo coronavírus. Uma realidade que atingiu os quatro cantos do mundo e que obrigou várias pessoas a reinventarem novas formas de trabalhar

Mais do que em qualquer outra altura, é nos tempos de maior adversidade que nascem as ideias que cada um mais precisa. E é por isso que agora olhamos para a história de Sandra Montez e Nuno Tiago Ferreira.

“De repente, os dois na mesma casa, com três crianças, ficámos sem trabalho. Começámos a pensar na nossa situação e em como é que iríamos sustentar a família”, conta Sandra.

A vida deste casal deu uma volta de 180 graus nos últimos meses. Ambos são guias intérpretes profissionais há mais de 20 anos. Trabalham essencialmente com público estrangeiro, aquele que, de repente, desapareceu, sem previsão de voltar.

“Achámos que seria interessante criar uma alternativa que nos pudesse permitir fazer um dois em um. Voltarmos ao trabalho e criar uma possibilidade para as pessoas que, de alguma forma, irão ficar mais nas suas casas, mas quererão, eventualmente, proporcionar aos filhos, ou mesmo a um pequeno grupo de amigos fazer coisas diferentes”.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Estudo do meio ao vivo 💚

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Para isso, deitaram mãos à obra e criaram o portugal4family, um novo produto que passa a fazer parte da empresa do casal, a Entre Destinos, que existe desde 2007. O projeto nasce em tempos de pandemia, de olhos postos num verão que será tudo menos “normal”. Seja pela cidade ou pelo meio da natureza, todos os programas disponíveis permitem, a qualquer família, uma aventura longe das multidões, sempre acompanhados por guias profissionais.

“O projeto destina-se essencialmente a famílias que podem vir juntar-se a outras que não conhecem ou mesmo reunir um grupo de amigos e juntar-se a nós. A ideia é fazer passeios como se fossem um encontro de amigos, mas acompanhados de alguém que conhece bem o terreno e que, também como eles, tem uma família. A juntar a isso, achei interessante poder ensinar in loco, aquilo que as crianças aprendem na escola”, sublinha.

CAMPO E CIDADE

Tal como qualquer ‘recém-nascido’, o projeto de Sandra e Tiago está em crescimento, mas já existem várias opções disponíveis.

As “experiências”, como lhes chamam, estão espalhadas por vários pontos do país, numa altura em que a economia pede aos portugueses, mais do que nunca, que vão para fora cá dentro.

Destacam-se Lisboa e arredores, com caminhadas pela Serra de Sintra, a região do Alentejo e a cidade do Porto. Além destas, também a beleza natural dos Açores vai ser incluída no roteiro, com destaque para as ilhas do Faial e da Terceira. E ainda Santiago de Compostela.

Em Lisboa, além de um passeio pela cidade, Sandra destaca uma aposta que lhe é muito querida: “O pé no palco”.

“Esta experiência proporciona às pessoas pisarem o palco do Teatro da Trindade. Pensei para mim: como é que vou criar um programa giro, atrativo para os miúdos, que seja interessante e que seja único? Este é, de todos os que nós temos, aquele que mais se destaca e que ninguém oferece. É um mundo fascinante, mesmo para quem não está ligado ao mundo da representação”, considera a guia.

PROJETO ESTENDE-SE A GUIAS LOCAIS

Além da gestão do site, que Tiago criou de raiz, o casal tem a seu cargo várias destas experiências. No entanto, para minimizar os custos e sem esquecer que outros estão na mesma situação, os guias locais darão aos seus visitantes a oportunidade de se “sentirem em casa”.

“Neste produto que criámos, contratámos alguns colegas nossos, que conhecemos há vários anos e em quem confiamos, para serem os guias das cidades e não aumentar exponencialmente os custos para os clientes”.

É o caso das experiências na cidade do Porto e na região do Alentejo.

No Norte, a guia será responsável por apresentar a cidade aos visitantes, sob o tema da Arte Nova. Os pontos mais icónicos, bem como o comércio local farão parte do roteiro. “Vamos utilizar esta arte como fio condutor para passear pela parte comercial da cidade”, sublinha.

Já no Alentejo, a experiência vai muito para além da cidade e do campo e inclui uma experiência gastronómica, onde será possível aprender a cozinhar pratos típicos da região, quase como um encontro de amigos, enquanto se degustam vinhos e iguarias.

“No Alentejo, o passeio gastronómico pode-se conjugar com o passeio na cidade. A guia costuma fazer um passeio cedinho e vai debruçar-se sobre as influências romana e muçulmana. Faz um passeio de duas horas e a partir daí vai para a cozinha. A casa dela é mesmo no centro histórico, sendo a própria uma Chef de cozinha”.

SAIR DE CASA EM TEMPOS DE PANDEMIA

E numa altura em que o medo faz parte do dia a dia, para assegurar todo o conforto e segurança aos grupos de aventureiros, as normas da Direção-Geral de Saúde também fazem parte dos passeios.

O distanciamento social está presente, uma vez que, exceto o ‘Pé no Palco’ e a experiência gastronómica, todos as experiências são ao ar livre, sendo que, nos interiores, o uso de máscara é obrigatório.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Quando o caminho se torna mais difícil... Whenever the pathway turns less easy...

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Para evitar qualquer contacto mais próximo, nestes primeiros tempos, os grupos encontram-se no local de partida. Daí seguem para os passeios e Sandra explica porquê.

“Enquanto o vírus cá andar eu queria absolutamente evitar transporte comum. Isso não vai acontecer enquanto não houver condições de segurança total”.

Também o número de pessoas por grupo será limitado, longe da realidade do turismo de massa. “Nós não queremos passar muito das 15 pessoas, também para dar algum conforto às pessoas em termos de grandes aglomerações e de ter muitas pessoas todas juntas. Hoje em dia, a cada semana que passa há uma nova norma, há novas ideias de como as pessoas devem estar em segurança. Além disto, grupos pequenos são mais intimistas”.

Note-se que o setor do turismo está a ser um dos mais afetados pela pandemia. Segundo a Organização Mundial do Turismo, na melhor das hipóteses, o movimento de turistas internacionais deverá cair quase 60 por cento durante este ano.

Com o mundo a viver uma crise pandémica sem precedentes nos tempos modernos, tenta-se voltar ao normal, com o levantamento de algumas restrições, mas tal como já referiu o Governo, “Não deixe de planear as suas férias de verão…cá dentro”.

Não é só Sandra Montez e a sua equipa que agradecem a recetividade à ideia, a própria economia também.

 

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