Burlão confessa crimes e incrimina professora - TVI

Burlão confessa crimes e incrimina professora

Justiça

«Sou homem para cometer os crimes e sou ainda mais homem para os confessar», disse

Um recluso acusado de ter burlado vários bancos e empresas de crédito, confessou a autoria dos crimes, na primeira audiência do julgamento que decorreu hoje, no tribunal de Aveiro, enquanto a sua alegada cúmplice se manteve em silêncio.

«Sou homem para cometer os crimes e sou ainda mais homem para os confessar. Quero pagar pelo que fiz e peço desculpa aos queixosos», disse ao tribunal Paulo Silva, que está acusado de 88 crimes de burla, falsificação de documentos e burla na forma tentada, em coautoria com a arguida Sofia Raquel.

Este engenheiro químico de Sever do Vouga, que se encontra a cumprir uma pena de 13 anos de prisão no estabelecimento prisional de Coimbra por diversas burlas, negou apenas ter cometido um crime de condução sem habilitação legal, de que também está acusado.

«Não estava a conduzir. Fui detido fora do carro. Quem ia ao volante era a Sofia», afirmou o arguido, referindo-se ao momento em que foi recapturado pela Polícia Judiciária, em agosto de 2009, cinco meses depois de se ter evadido do estabelecimento prisional, aproveitando uma saída precária.

Durante o julgamento, Paulo Silva incriminou ainda uma professora, que não é arguida neste processo, acusando-a de ser responsável pela falsificação dos documentos que seriam usados na abertura de contas bancárias.

«A falsificação do IRS e dos recibos de vencimento era tudo feito por ela», declarou o arguido, mostrando-se surpreendido pelo facto de esta terceira pessoa não constar dos autos.

Ainda segundo o arguido, esta professora, que trabalhava numa agência de seguros, também terá alugado dois apartamentos e terá aberto dois apartados, que seriam usados nas burlas.

Quanto à sua alegada cúmplice, Paulo Silva disse que ela não sabia de nada e que só passou a atuar em conjunto consigo, a partir de março de 2009, após a saída precária do estabelecimento prisional.

O arguido contou que todo o dinheiro obtido através das burlas era divido por si e pela professora, com quem contactava apenas por telefone.

Paulo Silva referiu ainda que o dinheiro «não era muito» e negou o valor que consta da acusação, referindo que, por duas vezes, pelo menos, o dinheiro ficou no banco porque não o conseguiram movimentar.

A outra arguida no processo optou por não prestar declarações nesta sessão.

Segundo a acusação, os dois arguidos engendraram um esquema, que terá funcionado entre 2007 e 2009, para obter créditos bancários, em nome de terceiros, entre os quais uma mulher falecida.

Os suspeitos alteravam documentos de identificação que, depois, seriam utilizados para abrir contas em bancos para onde seriam creditados os empréstimos contraídos junto de instituições financeiras.

Os investigadores referem ainda que, durante o período em que ocorreram estes factos, os arguidos fizeram desta atuação o seu modo de vida, tendo burlado as instituições de crédito em cerca de cem mil euros.
Continue a ler esta notícia