Greve geral de professores no dia de exames nacionais - TVI

Greve geral de professores no dia de exames nacionais

17 de junho vai ser dia de luta

Os sindicatos agendaram uma greve geral de professores para 17 de junho, dia que coincide com o primeiro dia dos exames nacionais do ensino secundário, e marcaram para dia 15 de junho uma manifestação nacional, avançou a Fenprof.

A decisão foi tomada durante uma reunião que hoje juntou, em Lisboa, nove sindicatos de docentes para analisar os impactos na educação das medidas anunciadas pelo Governo, que podem implicar o aumento do horário de trabalho e a passagem à mobilidade especial dos professores, informa a agência Lusa.

A Federação Nacional de Educação (FNE) foi a única estrutura sindical que não expressou um apoio imediato à greve, condicionando a sua decisão ao que for deliberado numa próxima reunião dos seus órgãos diretivos.

Mário Nogueira justificou a escolha do período de greve com o apertado calendário que os professores têm pela frente e disse que os docentes, com as recentes medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, «estão a viver um filme de terror autêntico».

«É um período complicado. Pois, mas agora não há outro. Deixarmos esta luta para setembro é absolutamente despropositado e desnecessário, porque em setembro, se não formos à luta antes, milhares de professores já foram despedidos», disse, referindo que em julho e agosto não há ninguém nas escolas.

Mário Nogueira disse ainda que a marcação de uma paralisação com um mês de antecedência tem como objetivo dar ao Governo tempo para recuar e negociar, sublinhando a abertura de todas as estruturas sindicais para o diálogo.

«Não queremos fazer a greve pela greve. Queremos resolver os problemas antes de chegarmos ao momento da luta. Há um mês, com toda a abertura que todas as organizações têm para o diálogo, para o MEC e o Governo se dirigirem aos professores e assumirem a garantia por escrito de que não haverá professores na mobilidade especial, dispensa de professores contratados, mexidas no horário de trabalho», declarou o líder da Fenprof.

Mário Nogueira criticou ainda que o Governo esteja a tentar impor alterações ao Estatuto da Carreira Docente (ECD) através do Ministério das Finanças, referindo que o ECD é matéria de negociação sindical com o Ministério da Educação e Ciência (MEC) e que os sindicatos não aceitam alterações fora do âmbito de uma negociação com a tutela.

«Se o Governo e o MEC quiserem os problemas podem ser ultrapassados, e este calendário de luta também. Se não quiserem, há uma coisa neste momento que temos a certeza: os professores não têm nada a perder», declarou o sindicalista.

A Fenprof não avança condições para a desconvocação da greve, e admite apenas que, «por cada medida que for compromisso do Governo não aplicar, ponderar sempre o que fazer a seguir».

O líder da federação disse-se também «perfeitamente consciente de que o MEC irá tentar fazer qualquer coisa» para evitar a greve.

Em 2005, quando foi convocada uma greve em moldes semelhantes à hoje anunciada, foram decretados serviços mínimos na escola para evitar o impacto da greve nos exames, que acabaram por decorrer com normalidade, depois de os professores terem comparecido ao serviço.

Nogueira concluiu dizendo que com a reunião de hoje os nove sindicatos de professores envolvidos (ASPL, FENPROF, FNE, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE, SIPPEB e SPLIU) «quiseram dar um forte sinal de unidade».
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