O bastonário da Ordem dos Advogados afirmou este sábado que, mesmo com aval do Tribunal, um candidato ao estágio terá de fazer um «exame de aferição seis meses depois», informa a Lusa.
No Encontro Nacional de Advogados de Empresa, em Lisboa, Marinho Pinto salientou que «ninguém será advogado sem os conhecimentos científicos e técnicos necessários», sublinhando a necessidade de ser reconhecer a «deficiência na formação».
Ao recordar o chumbo de quase 90 por cento no exame de acesso à OA, Marinho Pinto acusou o Estado de «embarcar numa gigantesca fraude concebida» pelas universidades públicas portuguesas «por razões económicas no caso do curso de Direito», «para resolver problemas financeiros das universidades públicas».
Notando ainda a existência de «professores catedráticos, vitalícios, inamovíveis, não prestam contas a ninguém, não investigam e não ensinam».
«No Direito, é um escândalo, ao terem tempo para tudo, desde fazer programas de televisão, além de lerem dezenas de livros por semana e da indústria da parecerística (de fazer pareceres) e quando dão, dão uma hora ou duas de aulas por semana», acrescentou.
Recusando o argumento dos advogados integrarem a categoria de profissão liberal, e por isso não deveria haver entraves à entrada, o responsável citou a sua conversa com um «ministro ligado ao Ensino».
«Disse-lhe que no dia em que o Governo me deixar ser taxista, porque tenho carro e carta de condução, eu irei reanalisar a entrada livre na Ordem dos Advogados, porque o Estado não deixa ser taxista quem quer», afirmou.
«Se houver massificação dessa profissão, vão degradar o interesse público», sustentou.
Marinho Pinto considerou que a «Justiça é caríssima» e que se está a pagá-la «quase como se fosse um bem de luxo», quando em Espanha «é totalmente gratuita para os cidadãos».
Instou, por isso, o Governo a «começar a pensar a fundo» sobre o assunto e criticou a «inovação recentíssima e brilhante» do pagamento das «custas à cabeça».
Sublinhou que a OA sempre foi uma «instituição democrática» e que não recebe «lições de corporações que muitas vezes funcionam mais num estilo medieval e distantes dos valores do Estado de Direito».
«Os ataques externos à OA vão ao ponto de defender a criação de um defensor público, de um corpo de funcionários para a fazer a defesa dos cidadãos», o que reflecte a «nostalgia dos tempos em que os senhores juízes nomeavam funcionários judiciais para fazerem defesas oficiosas».
Marinho Pinto garantiu que enquanto for bastonário isso não acontecerá.
«Ninguém será advogado sem os conhecimentos necessários»
- Redação
- VG
- 26 jun 2010, 15:39
Marinho Pinto garantiu que candidatos a estágio têm de fazer exame de aferição seis meses depois
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