Fogos: Jardim processa «indivíduo Curto» - TVI

Fogos: Jardim processa «indivíduo Curto»

Alberto João Jardim visita zonas ardidas (Homem de Gouveia/Lusa)

Em causa, está Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais

O presidente do Governo Regional da Madeira informou hoje que o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, vai «responder criminalmente» pelas afirmações relacionadas com a origem dos incêndios nesta ilha.

«Um indivíduo Curto, de uma associação de bombeiros, atreveu-se a afirmar que o presidente do Governo Regional da Madeira teria acusado qualquer bombeiro de responsável pelos fogos ateados criminosamente na Madeira. Por tal, responderá criminalmente», refere uma nota divulgada pelo gabinete da presidência do executivo madeirense, assinado pelo assessor de Alberto João Jardim.

No documento, pode ler-se que «o presidente do Governo Regional se limitou a afirmar haver uma coincidência temporal, objetiva e inegável entre mais uma manifestação da associação do referido Curto na região autónoma e os incêndios ocorridos».

A presidência acrescenta que o fez na sequência de um comunicado do Fernando Curto, «também objetivamente coincidente» e em que se referia que os fogos tinham demonstrado que o presidente do governo não tinha razão «quanto ao efetivo de bombeiros necessários ao arquipélago».

A nota realça que Alberto João Jardim teve «até o cuidado de afirmar que existia a inegável coincidência, mas que não desconfiava de quem quer que fosse».

Destaca-se ainda que Alberto João Jardim é dirigente de uma associação de bombeiros voluntários há mais de quarenta anos e tem várias condecorações neste âmbito, inclusive nacionais.

Para o executivo, Fernando Curto «já deveria ter percebido que, com as suas diligências de há muitos anos em confronto com o Governo Regional da Madeira no território autónomo, não faz nem fará o que [faz] com os sucessivos governos da República».

A polémica surgiu depois de afirmações de Alberto João Jardim, no decorrer de um périplo que fez na terça-feira às zonas afetadas pelos incêndios na ilha. O governante considerou uma «estranha coincidência» os fogos terem ocorrido após declarações suas sobre os bombeiros.

A 12 de julho, Jardim disse que o governo madeirense não estava disposto a pagar 50 bombeiros onde só basta ter 30. No mesmo dia, realizou-se na ilha um protesto da Associação dos Bombeiros Profissionais para alertar para o que os operacionais dizem ser a «degradação das condições de trabalho e de vida dos bombeiros profissionais das associações humanitárias do Funchal, de Machico e de Santa Cruz».

Na terça-feira, questionado sobre se o cenário de incêndios da última semana poderia ter sido evitado se houvesse mais bombeiros, Alberto João Jardim respondeu negativamente: «Sobre os bombeiros que existem, mantenho o que disse há dias. Aliás, é uma coincidência estranha, depois do que disse, isto suceder».

Jardim reiterou que «há bombeiros a mais em uma ou duas corporações e só nessas» e disse não estar a levantar suspeitas sobre os bombeiros, mas sobre «a coincidência que houve de uma ação» na região. «Não pelos bombeiros de cá, porque a maioria parte dos bombeiros de cá até porque a maioa parte dos bombeiros de cá nem estão filiados nessas organizações», disse.

Fernando Curto afirmou depois à Lusa que a associação vai interpor um processo-crime contra o presidente madeirense pelas declarações sobre a «estranha coincidência».

O responsável referiu que Jardim deveria «conferir muito mais responsabilidade [ao que afirma] e ter tento na língua, que muitas vezes não tem», e defendeu que os bombeiros deveriam «ser mais respeitados na Madeira».

Fernando Curto lamentou a afirmação, que «direta e indiretamente culpa os bombeiros», mencionando que muitos dos bombeiros envolvidos no combate às chamas na Madeira têm três meses de vencimento em atraso e a «maioria dos bombeiros municipais tem um tratamento legislativo diferente dos bombeiros do continente».
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