Portugal é «muito popular» em Guantánamo - TVI

Portugal é «muito popular» em Guantánamo

Protesto contra Guantanamo em Washington (foto Lusa)

Disponibilidade, anunciada pelo MNE, de receber alguns dos presos foi bem recebida

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Portugal passou a ser um país muito popular entre os detidos de Guantánamo desde que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, anunciou a disponibilidade de receber alguns, disse à agência Lusa um advogado de alguns detidos.

«Todos a quem falámos (da oferta do governo português) ficaram contentes com a ideia», disse Clive Smith, director da organização de defesa de direitos humanos Reprieve e defensor jurídico de 30 detidos. «Portugal é um lugar muito popular em Guantánamo nesta altura!», garantiu, em entrevista por «e-mail» a partir de Washington, onde se encontra.

Luís Amado deu conta da disponibilidade de Portugal para acolher detidos de Guantánamo a 10 de Dezembro, numa carta enviada aos homólogos da União Europeia, a propósito do 60º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos.

Smith disse à Lusa ter discutido a hipótese com todos os clientes e que estes «não querem outra coisa senão sair dali e ir para Portugal». Um exemplo é o palestiniano Ayman al Shurafa, de 33 anos, cujo regresso à Arábia Saudita, onde nasceu e cresceu, não foi aceite por não ter a nacionalidade saudita. A solução, disse o director da Reprieve, seria ir para os territórios palestinianos «se Israel deixasse». «Ele já teria sido libertado se não fosse isso», adiantou Clive Smith.

Regresso às origens pode implicar torturas

O advogado afirmou não ter dúvidas de que muitos detidos preferem instalar-se noutro país diferente do deles porque «se eles regressarem serão torturados». O desafio será agora que outros países adiram à posição portuguesa, em especial o Reino Unido e Itália, que «deviam receber as pessoas que viviam ali como residentes», nomeadamente três argelinos no Reino Unido e oito tunisinos em Itália.

Clive Smith considerou que há 60 casos difíceis, depois de excluir dos actuais 250 detidos, os cerca de 40 que estima que serão julgados nos Estados Unidos e os 150 que deverão regressar a casa.

«Se Portugal ajudar nisto, iniciará uma relação muito positiva com a administração (do Presidente eleito dos Estados Unidos, Barack) Obama, além de ser um óptimo exemplo para o mundo islâmico - e onde Portugal será muito mais popular também», concluiu.
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