Escolha de medicamentos por doentes põe «a vida em causa» - TVI

Escolha de medicamentos por doentes põe «a vida em causa»

Bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes

Bastonário da Ordem dos Médicos dramatiza e diz que não há vantagem para os pacientes

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O bastonário da Ordem dos Médicos disse esta sexta-feira que «não há qualquer vantagem» em os doentes passem a escolher a marca do medicamento que compram, considerando que a medida «põe em causa a vida das pessoas».

«É um processo perfeitamente pernicioso que põe em causa a vida das pessoas», disse à agência Lusa Pedro Nunes, que reagiu ao anúncio do secretário de Estado da Saúde sobre a possibilidade dos doentes poderem escolher, a partir de Março, qual a marca do medicamento que compram, desde que respeitem a substância activa prescrita pelo médico.

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) adiantou que «não há qualquer vantagem para o Ministério da Saúde em implementar medidas dessa natureza», sublinhando que «se os doentes soubessem que medicamentos queriam tomar e quais os melhores não iam médico».

Pedro Nunes considerou «um perfeito absurdo» que os doentes possam escolher a marca do fármaco que compram, sendo uma medida que «não» merece a colaboração dos médicos.

O mesmo responsável sublinhou que das reuniões que a OM tem mantido com o Ministério da Saúde não estava previsto tal medida.

«O Ministério da Saúde tem que dizer claramente se quer a colaboração dos médicos ou se quer resolver os problemas através de um sistema que nunca funcionou em nenhuma parte do mundo, que é a substituição de medicamentos pela parte dos comerciantes com a violação das regras da fármaco-vigilância, defesa dos direitos dos doentes e saúde das pessoas», sustentou.

O bastonário da OM referiu também que «os médicos são a única parte não interessada na questão económica do medicamento». Para Pedro Nunes, estão interessados os laboratórios, comerciantes (donos das farmácias) e Ministério da Saúde.

Segundo o secretário de Estado, o Ministério da Saúde vai avançar para a elaboração de protocolos terapêuticos, em conjunto com a Ordem dos Médicos e com a comunidade científica, para permitir esta possibilidade de escolha ao cidadão.

Óscar Gaspar frisou que não será posta em causa a decisão do médico e que haverá a possibilidade de os clínicos «trancarem em absoluto» o medicamento de marca. Para trancar a receita de forma a que o doente não possa escolher a marca do remédio, o médico terá de o justificar.
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