Eutanásia: 39% dos oncologistas a favor de lei - TVI

Eutanásia: 39% dos oncologistas a favor de lei

Eluana esteve 17 anos em coma

Mas só 23 por cento admite que o faria, segundo estudo de 2007

Trinta e nove por cento dos médicos oncologistas defendem a legalização da eutanásia, mas a percentagem que admite fazê-lo é de 23 por cento, segundo um estudo de 2007 da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), informa a Lusa.

O autor do estudo, Ferraz Gonçalves, do Serviço de Bioética e Ética Médica da FMUP, indicou à Agência Lusa não existir investigações posteriores, referindo, porém, não ter passado tempo suficiente para uma «mudança significativa» dos resultados.

«Alguns médicos reconheceram o direito de escolha, mas eles próprios não o quereriam fazer», notou o médico. Escusando-se a antever uma tendência para o futuro, o médico especialista em cuidados paliativos referiu verificar-se, mas não de forma significativa, que os médicos mais velhos são mais frequentemente contra a eutanásia.

O também colaborador da Associação Portuguesa de Bioética afirmou que a morte assistida (eutanásia) não deve ser uma questão prioritária para ser discutida. «Primeiro tem de haver uma opinião pública que queira debater. Está-se a forçar a nota», argumentou Ferraz Gonçalves, contrapondo com a questão do aborto. Antes do quadro legal da interrupção voluntária da gravidez «já havia posições, discussões e uma massa crítica significativa», considerou o especialista, assumindo-se contra a morte medicamente assistida.

Mais cuidados paliativos podem evitar pedidos de eutanásia

Ferraz Gonçalves considerou que uma maior implementação dos cuidados paliativos evitaria muitos dos eventuais pedidos de eutanásia.

«Os cuidados paliativos estão numa fase reduzida e a resposta não é suficiente para as necessidades», afirmou o médico à Lusa, para quem se está a «queimar uma etapa» ao discutir a eutanásia, sem antes «responder ao sofrimento» através dos cuidados especializados.

«A vir a legalização, deve ser depois. A maior parte das pessoas não quer morrer mesmo quando estão muito doentes. Querem viver», garantiu.

O congresso do Partido Socialista prepara-se para discutir uma moção sectorial sobre eutanásia, com o dirigente Augusto Santos Silva a dizer estar de acordo com a possibilidade de esse debate se travar, já que se trata «de uma questão complexa e delicada».
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