Segredo Justiça: «Informática é muito mais segura que o papel»

A procuradora-geral adjunta Maria José Morgado considerou na sexta-feira à noite que a «informática é muito mais segura que o papel», admitindo que as «tecnologias de informação» poderiam resolver o problema da violação do segredo de justiça, informa a Lusa.



«As tecnologias de informação podiam resolver-nos o problema, porque a informática é muito mais segura que o papel», afirmou Maria José Morgado numa palestra sobre corrupção que proferiu em Fátima.

A magistrada do Ministério Público explicou que «com as passwords e perfis de segurança sabe-se sempre quem acede» e, na eventualidade de alguém dar a sua password, tem de «arcar com as consequências».

«Os processos, em vez de andarem em carrinhas, carros e transportados à mão, eram transportados por sistema electrónico e ficava lá a marca de quem acedia», disse, acrescentando: «A partir do momento em que qualquer coisa é passada para o papel em matéria de violação de segredo de justiça - eu não sou ingénua - tudo pode acontecer».

«Quando as peças processuais começam a circular, perde-se um bocado o controlo delas», reiterou Maria José Morgado, lembrando que os processos circulam em papel por várias entidades, como os magistrados do Ministério Público (MP), polícias, juízes de instrução criminal, funcionários ou advogados.

A magistrada do MP admitiu que «o pior é que a justiça não está ainda em condições de ter essa forma de funcionar», porque nem em rede funciona.

«Eu costumo dizer que o Estado é forreta com a justiça. Não quero ser injusta, num momento em que parece que vamos finalmente ter um sistema de gestão de inquérito, mas parece que todo o dinheiro que se investe na justiça é chorado do lado do poder político», afirmou.